terça-feira, setembro 08, 2015

Torrão: Que desenvolvimento?

Em meados da década de noventa, no chamado período das vacas gordas, Portugal assistiu a um curioso fenómeno: começam a proliferar como cogumelos as chamadas associações de desenvolvimento local. Uma delas nasceu no Torrão faz hoje vinte anos e chama-se justamente Associação para o Desenvolvimento do Torrão (ADT).
Ora passadas duas décadas é justo perguntar:
  1.  Em que medida contribuiu a ADT para o real e efectivo desenvolvimento do Torrão?
  2. Nestas duas décadas o Torrão desenvolveu~se, regrediu ou manteve-se igual?
  3. Quanto foi o valor em fundos europeus que nestes vinte anos vieram para a ADT para fomentar efectivamente o desenvolvimento do Torrão?
Ora vamos lá a ver: Em duas décadas o Torrão perdeu boa parte da população, em especial jovens, e perdeu-a porquê?
Naturalmente porque as oportunidades no Torrão são escassas para não dizer nulas. O desemprego é um dos maiores flagelos de uma freguesia endémicamente atrasada a todos os níveis. Na verdade o Torrão enfrenta um dilema e um ciclo vicioso. Sem indústria, sem comércio, sem oportunidades, acaba por assistir a uma contínua erosão demográfica. Perdendo população, perdendo recursos humanos perde oportunidades de fixação de investimento. Não havendo investimento, não havendo desenvolvimento económico nem oportunidades de emprego perde população.
Ora este estado de coisas leva a outra consequência: Serviços e instituições vão fechando portas. Quanto aos Correios, o Torrão perdeu nos últimos anos o seu CDP (Centro de Distribuição Postal) o qual passou para Alcácer do Sal, a sede de concelho. Posteriormente foi a vez da Estação de Correios ter ido à vida, cingindo-se o correio no Torrão a uma simples loja. O BPI encerrou o seu balcão na vila, indo de encontro à sua política interna é certo mas ainda assim o balcão torranense foi um dos sacrificados. E não iremos ficar por aqui.
Um outro facto curioso foi a ADT entretanto ter alargado o seu raio de acção, passado a estar implementada também em Alcácer do Sal. Será que é por aí que passa o desenvolvimento do Torrão? Será que o objectivo foi mesmo o de desenvolver o Torrão ou terá sido efectivamente e apenas o de desenvolver, o de garantir um emprego vitalício e muitíssimo bem remunerado para alguns/algumas?
Mas atenção: A responsabilidade pela decadência acelerada do Torrão não é única e exclusivamente da ADT. Aquilo contudo que queremos focar é o facto de uma associação que se diz de desenvolvimento do Torrão afinal ter fracassado em toda a linha nesse propósito. 
A pergunta, legítima, que se pode fazer é: Afinal onde está o desenvolvimento do Torrão e quanto pesou a ADT, nos últimos vinte anos, em tal desiderato?

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