quinta-feira, março 07, 2013

Abençoado! «Vocês são uns tristes!»

O que se passa, caríssimos e ilustríssimos leitores é o seguinte: temos um conjunto de velhos senhores (e senhoras) reformados (as) - e que a isso têm todo o direito sem a menor sombra de dúvida - que foram nos seus verdes anos banqueiros, juízes, oficiais superiores e generais (e se calhar até sargentos) de todos os ramos das Forças Armadas, altos quadros do Estado, políticos, funcionários públicos de topo, professores de topo, ex-directores disto e daquilo, etc., etc. São a elite e ponto final. São aqueles que em tempos manipularam os cordelinhos em Portugal tanto no sector público como no privado. Foram aqueles que mais directamente cavaram anos a fio o buraco financeiro, foram, em muitos casos, os Cavaleiros do Apcalipse que espalharam a miséria e a ruína da Nação, foram os pioneiros - graças ao advento das novas tecnologias - das operações financeiras, das off-shores... Estamos a falar de gente que auferia até há bem pouco tempo miseráveis reformas de 10, 15, 20, 50... até há quem fale em 70 mil e mesmo 100 mil euros por mês. Sim, são 10, 15, 20, 50, 70 milhares de euros por mês. Por mês, note-se! De 2 a mais de 10 mil contos de réis, dos antigos, por mês. No quadro desta conjuntura, o Governo resolve proceder a cortes que em alguns casos chegam à ordem dos 50%. Naturalmente que se indignaram, constituiram um movimento designado Reformados Indignados - mais uma vez, têm todo o direito do mundo para o fazer - e que agora vertem públicamente «baba e ranho» e «rasgam as vestes em público» por tamanha afronta.
Mas protestar porque mesmo depois dos cortes ainda assim ganharem mais num mês que a esmagadora maioria dos reformados ganha num ano, convenhamos que tamanha desfaçatez não deixará que causar profunda impressão, incompreensão e mesmo indignação em larguíssimos sectores da sociedade portuguesa e na esmagadora maioria dos portugueses. Alegam estes senhores que assim é dificil viverem (!!!). Claro, assim é dificil fazerem viagens de luxo e turismo sénior e aproveitar (bem) os últimos dias no Reino da Terra. Será difícil deslocarem-se às melhores clínicas privadas nacionais ou estrangeiras quando as maleitas começarem a aparecer em função dos anos que passam. Já os outros, os que ganham 300 miseráveis euros por mês que nem chega para os medicamentos (um outro negócio de ouro), comida... vida digna e com o mínimo de conforto, acima de tudo, durante os anos que lhe restam que deveriam ser de descanso do guerreiro e sem preocupações depois de décadas de trabalho na maioria dos casos árduo e extenuante, que se  lixem. Muito mais do que aquilo que sofreram os nossos outros amigos reformados topo de gama.
Afirma o porta-voz do movimento que têm direito à palavra. Claro que têm. Têm tanto direito à palavra que até tempo de antena e mediatismo têm. As suas reivindicações são notícia e tudo! Mas as reivindicações de associações que representam os desgraçados dos reformados de menos de 500€/mês não são notícia nem têm direito a conferências de imprensa.
Têm direito à palavra? Todo o direito, sem qualquer ironia! Como têm direito ao egoísmo, ao despudor...
Haja recato! Haja respeito para com os jovens desempregados e todos os desempregados em geral, sem-abrigo, pobres, esbulhados e reformados menores deste país e deste sistema que alguns deles senão a maioria, ajudaram a edificar! Haja recato, repito! Haja decoro! Basta! Que lutem e que defendam a sua causa mas com descrição pois neste contexto fazer alarde de tal chega a ser, aliás, é de uma provocação e de um descaramento inaceitáveis! Até porque depois, já se sabe, quem diz o que quer arrisca-se a ouvir o que não quer. E agora processem-me. Cada vez mais os Golias se insurgem contra os Rei David mas os Rei David partirão os cornos aos Golias pois nestes casos a história repete-se. Processem. Eu não tenho medo até porque nada tenho a perder. MAS NÃO ME CALARÃO! JAMAIS!
Processem também este Senhor. Este senhor é um Senhor com «S» maiúsculo que pôs os pontos nos «ii». OIÇAM-NO CARÍSSIMOS LEITORES.






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