quarta-feira, junho 13, 2012

Crónica de um desastre anunciado ou a realidade tal como ela é: nua e crua

Um povo hipnotizado e histérico com o futebol, que discute apenas o futebol ignorando tudo o resto, que só se preocupa com a Selecção, claro está, de futebol. Um povo de gente que apenas se diz portuguesa e com orgulho de ser portuguesa quando joga a dita cuja. Claro que escandaliza um blog que não é políticamente correcto (seja lá o que isso for), que põe o dedo na ferida, doa a quem doer, doa o que doer, custe o que custar. Que, heresia, é um  blog monárquico; que, heresia, anseia pela eliminação da selecção dita de todos nós; que, heresia, critica com veemência o «establishment», o sistema; que, heresia, não adopta e é um feroz adversário do Acordo Ortográfico; que... herege, herege, herege! Mil vezes, herege!

Naturalmente, o Pedra no Chinelo choca, inclusive e principalmente conterrâneos meus (felizmente uma insignificante minoria) que por preguiça mental, por interesse, por estupidez natural (?), por falta de racioncínio crítico, por tudo isso junto (?) vêm este blog apenas como um espaço inútil e de maldicência e tal...

Foi lançado aqui, neste mesmo espaço, um repto e um alerta, aos pais e encarregados de educação, mais concretamente àqueles que integram os órgãos da Associação de Pais local, para que, e passo a transcrever, «se não querem que o desastre na educação dos vossos educandos, passo a redundância, se torne uma realidade, devido a, não apenas, uma tremenda falta de bom senso e a experimentalismos pedagógicos mas também devido a experimentalismos de toda a ordem, que chegam a ser criminosos, é bom que comecem a mexer-se. Se não querem que depois do desastre na Matemática, onde a aprendizagem da tabuada foi banida e onde se deixou de ensinar - ou se se ensina, será certamente com menos esmero do que se fazia ainda no meu tempo - às crianças a fazerem contas (somar, subtrair, multiplicar e dividir) à mão e a saberem verificar os resultados obtidos, tornando-as totalmente «calculadoraódependentes», os quais eu, na qualidade de explicador de matemática, vou observando com profunda preocupação e incredulidade ao mesmo tempo que procuro remediar o mal incentivando os meus explicandos ao cálculo mental de operações elementares, se junte agora o desastre no Português que, diga-se, já se vê muito por aí, a começar na calígrafia absolutamente horrenda com que alguns jovens escrevem, inclusive universitários. Aliás, era impensável, ainda não há muitos anos, que alguém na 4ª classe apresentasse gatafunhos e uma letra digna de alunos da 1ªclasse e isto já para não falar nos erros grosseiros de pontuação e no facto de haver até quem nem um simples texto consiga redigir com correcção».
Chocou. Deve ter chocado certamente.

Claro está que mais uma vez deverá ter chocado muito boa gente um outro artigo mais recente que, pasme-se, ataca os pobres alunos do 7º ano(!!!) donde se extrai esta passagem: «Infelizmente hoje em dia, os alunos do ensino público na sua maior parte, depois de nove e até doze longos anos de escolaridade saem com uma confrangedora formação: saem sem saber exprimir-se oralmente, com uma calígrafia horrorosa e imperceptível, sem saber escrever um texto, com este a ostentar erros ortográficos grosseiros, escrito de forma rudimentar; saem sem saber articular frases e pensamentos; saem sem capacidade crítica, sem um raciocínio lógico desenvolvido e em péssima forma mental; saem sem desenvoltura de cálculo mental, sem saberem a tabuada, sem conhecerem e saberem aplicar propriedades básicas da álgebra e da aritmética; saem sem auto-disciplina, sem saber estudar, sem brio... Em muitos casos, os seus cadernos diários são medonhos - um borrão do princípio ao fim».
Mas não, não ataca. Só mentes maldosas, perversas, distorcidas ou doentias é que assim pensam e tentam incutir nos mais incautos e ingénuos, se calhar e, no limite, aos visados, tal permissa. Não ataca; e não ataca por uma razão muito simples: Porque são vítimas, como a generalidade dos seus colegas, de um sistema, de um ambiente, de uma cultura que só os prejudica, que os não inspira e força na busca da superação, de serem cada vez melhores, e que põe em xeque o futuro do país. Bem pode o ministro Relvas andar a dizer que nunca antes em Portugal, nenhuma geração, teve o nível de formação que hoje se verifica. Deve estar a referir-se à quantidade porque qualidade... Há gente de muito boa qualidade, há, mas esses...

Hoje o «Público» e a realidade - nua e crua... cruel - vieram dar-me razão. Parece que houve «Razia nos resultados de Matemática no 4.º e 9.º ano». Refere-se a peça aos testes intermédios.
No fundo, vem confirmar aquilo que muita gente até sabe mas que, tal como a avestruz que enfia a cabeça na areia, não vê, não quer ver e não quer que os demais vejam. Os resultados esses estão aí em todo o seu esplendor.
A razia segue dentro de momentos. Dia 25 de Junho haverá exame de Matemática no 9º ano e, para ser franco, as perspectivas não são nada animadoras.
Enfim... que siga a bola.

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