sexta-feira, março 30, 2012

A responsabilidade cabe a todos os torranenses... e está nas nossas mãos!

Agora que se aproxima a Páscoa e consequentemente mais uma Procissão do Senhor dos Passos, na Vila do Torrão, época em que a Igreja Matriz atrai mais visitantes, alguns (muitos) forasteiros mas também torranenses que por diversas circunstâncias optaram ou que tiveram que sair da sua terra e que fazem deste, um periodo de visita, fomos convidados a entrar nesta que também é chamada de Igreja de Santa Maria, e constatar «in loco» o lastimável estado em que esta se encontra numa tentativa de sensibilizar até as almas mais empedernidas.
É verdadeiramente preocupante e triste o estado de degradação a que chegou o, sem dúvida, mais antigo e imponente edifício do Torrão. Tão preocupante que mesmo a nível estrutural já começaram a surgir os primeiros sinais de ruína.
Devemos relembrar que não é de hoje que aqui se alerta para tal. Fizemo-lo aqui e voltamos a relembrar o assunto aqui por tanto se evocar o património histórico e arquitectónico do Torrão nomeadamente da parte dos autarcas locais. Cheguei inclusive a fazer um périplo pelas localidades vizinhas como termo de comparação e o que se temia e esperava tornou-se terrivelmente evidente e tristemente claro como a água: A Igreja do Torrão é sem a menor sombra de dúvida a mais mal cuidada de todas, a mais desprezada, a que apresenta maior risco de degradação, e claro, a que mais vergonhosa e até criminosamente abandonada se encontra. Até as portas; portas valiosas, portas antigas, se encontram ressequidas, mal cuidadas, esburacadas, rombas, empenadas tendo inclusive que se recorrer a pedras - sim a pedras - para tapar os buracos.
Todos nos deveríamos perguntar como foi possível ter-se chegado a uma situação destas?!
Quem deixou chegar um monumento histórico, um dos mais antigos monumentos do Torrão a tal estado?
A quem se deve pedir responsabilidades? Às instituições públicas? Ao Estado? Às autarquias? À diocese? À paróquia? A quem?
Bem, no limite a todos e a cada um de nós. Porém tal não invalida que quem de direito não devesse ter agido. E se o não fez ainda que o faça pois ainda vai a tempo; mas que o faça rápido sob pena de o fazer tarde demais.
Naturalmente que obviamente quem lidera os destinos da Freguesia, do Concelho há muito que deveria ter feito algo pois a liderança tem que ser efectiva, carismática, motivadora e não meramente simbólica.
Foi-me ali revelado que arquitectos da Câmara foram enviados para «ver» e para «inglês ver», neste caso torranense. Ficou tudo em «águas de bacalhau». Ficou-se tudo pelas vistas. Foi-me ali revelado que o Presidente da Junta terá afirmado que tanto a Junta como a Câmara dispunham de uma verba destinada à pintura e reparação do edifício mas que não haveria ninguém no Torrão, nenhum dos pintores disposto a aceitar o trabalho. Consideramos tais afirmações verosímeis pois o Sr. Presidente disse exactamente a mesma coisa na Assembleia de Freguesia que se realizou em Outubro. Curiosamente, na Acta dessa sessão, lida e posta à aprovação na sessão de Dezembro, nada consta mas os presentes ouviram, incluindo alguns munícipes que ali se encontravam. Foi-me ali revelado que foi pedido à Junta um trabalhador para reparar a porta que dá para a Travessa da Matriz mas que a qualidade do trabalho deixou muitíssimo a desejar e deixou indigandos os responsáveis da paróquia. Foi-me ainda ali revelado que o cata-vento que se encontrava na torre e que caiu devido ao rigor de um inverno passado e à má manutenção e que poderia ter tido consequências bem mais graves, teria sido levado para o estaleiro da Câmara onde ainda se encontrará embora, alegadamente, ninguém faça a mínima ideia do seu paradeiro. Mas enfim...
Não se trata aqui de um caso dos poderes públicos favorecerem uma religião. Nada disso! Trata-se sim, dos poderes públicos zelarem pelo património histórico-arquitectónico independentemente da natureza religiosa do monumento.
Seja como for, todos nos devemos preocupar, indignar e, mais importante, agir. Todos sem excepção! Crentes, não-crentes, católicos, não católicos, agnósticos e mesmo ateus pois este, antes de ser um local de culto, é um monumento histórico. Um traço da nossa cultura, da nossa portugalidade, um legado que nos foi deixado pelos nossos antepassados e que todos nós - sim todos nós, sem excepção - não temos sabido honrar, não temos querido saber honrar.
Depois de múltiplos alertas receio bem que este seja o derradeiro. Pouco mais haverá para mostrar e pouco tempo restará para agir. Creio que cumpri o meu dever de cidadania, de português, de torranense; o dever de me informar primeiramente e posteriormente de informar «urbi et orbi», de informar o mundo, de vos informar a todos vós. Estarei inteiramente disponível e o Pedra no Chinelo também. Faço minhas as palavaras D'El-Rei D. Carlos I ao afirmar que cumpri o meu dever. Agora outros que cumpram o seu.




O trabalho que incidiu sobre esta porta e que tão indignados deixou os responsáveis da paróquia
O nítido estado de degradação da porta
A placa a assinalar o monumento. A única obra relevante de quem de direito
A porta de entrada junto ao adro também não está famosa

E a que dá acesso á sacristia também não. Em pormenor uma pedra que tapa um enorme buraco
A parede lateral
Beirais quebrados
Vidros quebrados

O tecto de madeira vai apodrecendo e as tábuas soltando-se devido à humidade e inflitações
A porta e as suas companheiras pedras que vão selando os buracos que esta, vergada pelo tempo e incúria, vai apresentando
Uma enorme fissura num dos altares
Outras enormes e preocupantes fissuras noutro dos altares
Um pouco mais à frente também aí o tecto de madeira se encontra lastimoso
E por fim o pior e mais preocupante: A sacristia.

Bolores, humidades, fendas. Mobilias antigas, valiosas expostas à inclemência da humidade

O estado em que se apresenta a porta da sacristia que dá para fora
As raízes da figueira brava penetraram em profundidade e já se encontram em plena sacristia




Em pormenor, estas imagens poucas dúvidas deixam. Inacreditávelmente uma das arrecadações foi totalmente tomada pelas raízes.
Consta que em anos chuvosos esta gaveta fica completamente encharcada. Empenada está ela de facto
Na casa de banho mais fendas e fissuras
As marcas da água pois os vidros das entradas de luz solar estão quebrados

E por fim a torre

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