sábado, março 31, 2012

CARTA AOS MEUS IRMÃOS TIMORENSES, POR S.A.R. DOM DUARTE, DUQUE DE BRAGANÇA

É sempre com preocupação que escrevo sobre qualquer assunto, pois sinto que sobre meus ombros pesa uma enorme responsabilidade histórica. Quis, com efeito, por uma misteriosa decisão, a Providência que sobre mim recaísse a representação da família que durante cerca de 800 anos presidiu aos destinos de Portugal. Embora os manuais de História tenham o hábito de dividir a história da monarquia portuguesa em quatro “dinastias”, estas não constituem na realidade verdadeiras dinastias, mas apenas sucessivos ramos da mesma Família Real, já que todos os monarcas portugueses foram descendentes de D. Afonso Henriques.O mesmo se passa com a casa de Bragança, de que sou o representante, que além de descendente de D. João I o é ainda do Santo Condestável, Nuno Álvares Pereira, herói da independência portuguesa em 1385, e hoje santo canonizado, venerado nos altares. Este peso histórico que herdei faz com que, sem discutir se tenho o direito ao trono, sinta que me obriga o dever do trono.

Esse dever encaro-o como o de representar misticamente o povo português na sua continuidade histórica, como a corrente profunda de um rio caudaloso que flui através das eras, sem embargo da agitação superficial das suas águas, causada pelos ventos da história que ora sopram daqui ora dali, ou dos pequenos obstáculos que empecilham ou fazem inflectir o seu percurso.



Ao povo português esteve, nos últimos quinhentos anos da sua história, associado o povo timorense, de que meus antepassados foram igualmente Reis . Foi também por isso que, durante as horas sombrias da ocupação estrangeira de Timor, senti como uma obrigação a que me não podia eximir o dever de lutar para que ao povo timorense, que era também o meu povo, fosse reconhecido o direito a auto-determinar-se e escolher livremente o seu destino político. Empenhei por isso o prestígio que me advinha da minha ascendência, e até a herança dos laços de amizade fraterna estabelecidos outrora entre os meus avós e os soberanos que então reinavam na Indonésia, como os de Mataram, de que descendem os actuais sultões de Solo e Jogjakarta, para persuadir as autoridades indonésias a aceitar o diálogo, o que, com a ajuda de Deus, veio a produzir seus frutos.

Durante esses anos tive muitas oportunidades de colaborar com amigos timorenses, especialmente com o actual Presidente da República Dr. José Ramos Horta, que acaba de me distinguir com a Ordem de Timor, gesto que muito me sensibilizou!

Na concessão da nacionalidade timorense que me foi recentemente feita pelo Parlamento Nacional e de que tão orgulhoso me sinto, vejo, porém, mais do que uma retribuição por uma intervenção que me irmanou aos outros que lutavam pela liberdade do povo timorense, mas de qualquer forma me incumbia como dever histórico: leio aí também um desejo de perpetuar as relações profundas de Timor com o povo português de que, para além dos regimes e dos governos que constantemente se sucedem, creio representar de forma mais perene.



Faz este ano precisamente meio milénio que os primeiros portugueses chegaram a Timor e que, pelo punho de Francisco Rodrigues, a ilha apareceu pela primeira vez representada na cartografia. Esses primeiros portugueses eram na sua maioria comerciantes livres, que nos mares do Arquipélago procuravam agenciar a sua vida. Como muito bem notou António José Saraiva, um autor cuja formação inicial, de cariz marxista, torna insuspeito, … estava-se na época do artesanato e do capitalismo mercantil. O objectivo das expedições era, acima de tudo, encontrar produtos de troca, o que até certo ponto, implica a ideia da igualdade dos permutantes. Só mais tarde se tornará dominante o propósito de ocupação territorial com vista à produção, de matéria primas para a transformação industrial no país dominante. As primeiras relações entre portugueses e timorenses foram assim relações de igual para igual.

Estimulados pelo exemplo de S. Francisco Xavier, que a partir de 1542 lançara em todo o Oriente a missionação em larga escala, os Missionários portugueses dinamizaram a sua obra em Timor. Os meus antepassados patrocinaram activamente a evangelização, chagando a dedicar aos subsídios aos missionários 8% do orçamento do Estado Português da Índia. Portugal nascera no quadro da Reconquista Cristã da Península Ibérica, gerando-se portanto como reino independente à sombra da fé cristã; e essa união perduraria pelos tempos fora, a ponto de ainda hoje se usar na Malásia a expressão papiar cristão, para significar “falar português”. É por isso impossível separar o cristianismo, hoje religião maioritária em Timor, da presença dos missionários portugueses. É bem significativo que todos os liurais que em 1702 aceitaram submeter-se ao primeiro governador português e na sua pessoa prestar vassalagem a El-Rei de Portugal tivessem já nomes e apelidos portugueses, a demonstrar por um lado que antes de haver em Timor uma presença política efectiva de Portugal existia já uma forte influência religiosa, indissociável da acção desinteressada dos nossos missionários; e por outro a entre mostrar que ao tempo converter-se ao catolicismo significava integrar-se na sociedade portuguesa partilhando o sobrenome com uma família de Portugal, quase sempre da nobreza.

Durante século e meio a presença portuguesa em Timor limitou-se aos comerciantes e aos missionários, sem revestir um cariz político. Se o veio a tomar foi em consequência de uma conjuntura externa que levou alguns liurais de Timor a colocarem-se voluntariamente sob o protectorado português. Nos inícios do século XVI dois povos da ilha dos Celebes, os buguizes e os macaçares, começaram a lançar expedições corsárias contra as ilhas circunvizinhas, aprisionando homens e mulheres para os venderem como escravos. É certamente de um desembarque seu em Timor que guarda a memória a capital do Oé-Cússi, Pante Macaçar, ou seja, em malaio, Pantai Makasar, “a praia dos macaçares”. Em 1641 os corsários do sultão macaçar de Teló lançaram uma grande expedição contra as duas costas de Timor, arrebanhando cerca de 4.000 pessoas, que levaram como escravos para o seu país. Foi nessa aflição que as rainhas de Mena e de Lifau decidiram declarar-se vassalas do Rei de Portugal, em troca de protecção contra os macaçares; e nos anos imediatos outros chefes locais lhes seguiram o exemplo.

O protectorado só veio a tornar-se permanente e efectivo em 1702, quando desembarcou em Timor o primeiro governador português. Para sustentar a administração do território que se começou a organizar então, os liurais foram obrigados a contribuir com uma finta ou tributo, acordada entre cada reino e o governador. Mas mesmo o pagamento desse tributo foi encarado como a expressão de um parentesco estabelecido com el-Rei de Portugal, e por isso a cerimónia do pagamento era designada por siripinão, ou seja, o acto de mascar em comum bétele e areca , o que, como é bem sabido, constitui em Timor um sinal de fraternidade e comunhão espiritual.

Seja como for o povo e os liurais de Timor conservaram viva a noção do carácter contratual da sua relação com a Coroa portuguesa, recordando sempre que necessário aos seus representantes em Timor, “que esta terra não foi conquistada pela espada, mas pela água e pelo sal”, numa clara alusão ao ritual do baptismo.

Sem negar que a presença portuguesa em Timor tenha bastas vezes apresentado fases críticas, episódios de violência e de injustiça, prefiro fixar-me nestes aspectos positivos. Portugal foi, afinal, chamado a Timor para garantir a liberdade das suas gentes num momento em que buguizes e macaçares constituíam para ela uma perigosa ameaça. Não admira que, quando por um conjunto de circunstâncias infelizes ficou aberta a porta para uma invasão de Timor e a sua liberdade votou a periclitar o povo de Timor se tenha mais uma vez virado para os portugueses pedindo-lhe ajuda para a manter. Portugal foi num passado próximo que todos temos bem presente como num passado longínquo, que nem todos conhecem, mas que, como representante de uma instituição muitas vezes secular me apraz recordar aqui, o principal garante da liberdade do povo timorense.

Vejo a concessão da cidadania timorense de que hoje me honro e que a todos agradeço, não tanto como uma recompensa por serviços já passados, ou como um gesto meramente honorário, mas como um acto de renovação do pacto de fraternidade que há três séculos e meio os liurais de Timor celebraram com a Coroa portuguesa. Encaro-a, sobretudo, como uma nova responsabilidade que doravante recai sobre os meus ombros, talvez humanamente demasiado fracos para suportarem o peso das que historicamente sobre eles repousam, mas que mesmo assim procurarei aceitar e honrar com todas as minhas forças: a de que, como timorense, serei obrigado a servir Timor, quanto como representante da Família Real portuguesa deverei, como os meus maiores, continuar a ser garante da sua liberdade.


Dom Duarte, Duque de Bragança

sexta-feira, março 30, 2012

A responsabilidade cabe a todos os torranenses... e está nas nossas mãos!

Agora que se aproxima a Páscoa e consequentemente mais uma Procissão do Senhor dos Passos, na Vila do Torrão, época em que a Igreja Matriz atrai mais visitantes, alguns (muitos) forasteiros mas também torranenses que por diversas circunstâncias optaram ou que tiveram que sair da sua terra e que fazem deste, um periodo de visita, fomos convidados a entrar nesta que também é chamada de Igreja de Santa Maria, e constatar «in loco» o lastimável estado em que esta se encontra numa tentativa de sensibilizar até as almas mais empedernidas.
É verdadeiramente preocupante e triste o estado de degradação a que chegou o, sem dúvida, mais antigo e imponente edifício do Torrão. Tão preocupante que mesmo a nível estrutural já começaram a surgir os primeiros sinais de ruína.
Devemos relembrar que não é de hoje que aqui se alerta para tal. Fizemo-lo aqui e voltamos a relembrar o assunto aqui por tanto se evocar o património histórico e arquitectónico do Torrão nomeadamente da parte dos autarcas locais. Cheguei inclusive a fazer um périplo pelas localidades vizinhas como termo de comparação e o que se temia e esperava tornou-se terrivelmente evidente e tristemente claro como a água: A Igreja do Torrão é sem a menor sombra de dúvida a mais mal cuidada de todas, a mais desprezada, a que apresenta maior risco de degradação, e claro, a que mais vergonhosa e até criminosamente abandonada se encontra. Até as portas; portas valiosas, portas antigas, se encontram ressequidas, mal cuidadas, esburacadas, rombas, empenadas tendo inclusive que se recorrer a pedras - sim a pedras - para tapar os buracos.
Todos nos deveríamos perguntar como foi possível ter-se chegado a uma situação destas?!
Quem deixou chegar um monumento histórico, um dos mais antigos monumentos do Torrão a tal estado?
A quem se deve pedir responsabilidades? Às instituições públicas? Ao Estado? Às autarquias? À diocese? À paróquia? A quem?
Bem, no limite a todos e a cada um de nós. Porém tal não invalida que quem de direito não devesse ter agido. E se o não fez ainda que o faça pois ainda vai a tempo; mas que o faça rápido sob pena de o fazer tarde demais.
Naturalmente que obviamente quem lidera os destinos da Freguesia, do Concelho há muito que deveria ter feito algo pois a liderança tem que ser efectiva, carismática, motivadora e não meramente simbólica.
Foi-me ali revelado que arquitectos da Câmara foram enviados para «ver» e para «inglês ver», neste caso torranense. Ficou tudo em «águas de bacalhau». Ficou-se tudo pelas vistas. Foi-me ali revelado que o Presidente da Junta terá afirmado que tanto a Junta como a Câmara dispunham de uma verba destinada à pintura e reparação do edifício mas que não haveria ninguém no Torrão, nenhum dos pintores disposto a aceitar o trabalho. Consideramos tais afirmações verosímeis pois o Sr. Presidente disse exactamente a mesma coisa na Assembleia de Freguesia que se realizou em Outubro. Curiosamente, na Acta dessa sessão, lida e posta à aprovação na sessão de Dezembro, nada consta mas os presentes ouviram, incluindo alguns munícipes que ali se encontravam. Foi-me ali revelado que foi pedido à Junta um trabalhador para reparar a porta que dá para a Travessa da Matriz mas que a qualidade do trabalho deixou muitíssimo a desejar e deixou indigandos os responsáveis da paróquia. Foi-me ainda ali revelado que o cata-vento que se encontrava na torre e que caiu devido ao rigor de um inverno passado e à má manutenção e que poderia ter tido consequências bem mais graves, teria sido levado para o estaleiro da Câmara onde ainda se encontrará embora, alegadamente, ninguém faça a mínima ideia do seu paradeiro. Mas enfim...
Não se trata aqui de um caso dos poderes públicos favorecerem uma religião. Nada disso! Trata-se sim, dos poderes públicos zelarem pelo património histórico-arquitectónico independentemente da natureza religiosa do monumento.
Seja como for, todos nos devemos preocupar, indignar e, mais importante, agir. Todos sem excepção! Crentes, não-crentes, católicos, não católicos, agnósticos e mesmo ateus pois este, antes de ser um local de culto, é um monumento histórico. Um traço da nossa cultura, da nossa portugalidade, um legado que nos foi deixado pelos nossos antepassados e que todos nós - sim todos nós, sem excepção - não temos sabido honrar, não temos querido saber honrar.
Depois de múltiplos alertas receio bem que este seja o derradeiro. Pouco mais haverá para mostrar e pouco tempo restará para agir. Creio que cumpri o meu dever de cidadania, de português, de torranense; o dever de me informar primeiramente e posteriormente de informar «urbi et orbi», de informar o mundo, de vos informar a todos vós. Estarei inteiramente disponível e o Pedra no Chinelo também. Faço minhas as palavaras D'El-Rei D. Carlos I ao afirmar que cumpri o meu dever. Agora outros que cumpram o seu.




O trabalho que incidiu sobre esta porta e que tão indignados deixou os responsáveis da paróquia
O nítido estado de degradação da porta
A placa a assinalar o monumento. A única obra relevante de quem de direito
A porta de entrada junto ao adro também não está famosa

E a que dá acesso á sacristia também não. Em pormenor uma pedra que tapa um enorme buraco
A parede lateral
Beirais quebrados
Vidros quebrados

O tecto de madeira vai apodrecendo e as tábuas soltando-se devido à humidade e inflitações
A porta e as suas companheiras pedras que vão selando os buracos que esta, vergada pelo tempo e incúria, vai apresentando
Uma enorme fissura num dos altares
Outras enormes e preocupantes fissuras noutro dos altares
Um pouco mais à frente também aí o tecto de madeira se encontra lastimoso
E por fim o pior e mais preocupante: A sacristia.

Bolores, humidades, fendas. Mobilias antigas, valiosas expostas à inclemência da humidade

O estado em que se apresenta a porta da sacristia que dá para fora
As raízes da figueira brava penetraram em profundidade e já se encontram em plena sacristia




Em pormenor, estas imagens poucas dúvidas deixam. Inacreditávelmente uma das arrecadações foi totalmente tomada pelas raízes.
Consta que em anos chuvosos esta gaveta fica completamente encharcada. Empenada está ela de facto
Na casa de banho mais fendas e fissuras
As marcas da água pois os vidros das entradas de luz solar estão quebrados

E por fim a torre

quinta-feira, março 29, 2012

Leitura obrigatória

«A Voz do Sado», prestigioso e prestigiado jornal do nosso Concelho que faz eco do que cá se passa e que dá voz aos seus habitantes. Não deixem de ler. Custa apenas 0,75€ e encontra-se à venda em muitos locais.
Este mês, entre muitos outros artigos e notícias interessantes, figura a «Carta Aberta», da autoria do vosso escriba, publicada também no nosso blog. Mais uma vez aí se apela a quem de direito para a invocação condigna do quinto centenário da atribuição da Carta de Foral ao então Concelho do Torrão por El-Rei D. Manuel I.
E, como deve ser bom e fácil de ver, não é resumir tal evento apenas e só a (mais) uma feira renascentista embora também se possa fazer um pouco de qualquer coisa nesses moldes. Mas os 500 da Atribuição da Carta de Foral ao Torrão tem que ser algo bem mais vasto.




terça-feira, março 27, 2012

O borrão

Esta é mais uma daquelas pérolas que trazemos aqui ao conhecimento de todos. Quem quiser ver o espécime ao vivo que aproveite antes que leve sumiço. Encontra-se afixado na vitrine da Junta de Freguesia do Torrão e revela os montantes que a Câmara Municipal transfere para diversas instituições. Até aqui tudo bem, não fosse o documento estar pejado de gralhas e algumas bem graves. Poderá até ser irrelevante. Consideramos que não. Gralhas e erros desta natureza são inadmissíveis, são erros reveladores de uma incompetência atroz, de uma incompetência confrangedoura. São erros mais próprios de alunos de primária do que de órgãos de governo, órgão de poder e com toda a certeza, são impróprios de gente que não ganha pouco. Como é possível que tantos erros e gralhas tenham passado despercebidos a todas essas almas? E depois as aparências contam... e muito! Afinal de contas, o hábito faz o monge, não é mesmo? Ainda se fosse para «consumo interno», mas não; é algo que é para ser tornado público...
Para começar, os vinte e quatro mil seiscentos e sessenta e sete euros e setenta e cinco cêntimos, da Sociedade Filarmónica Progresso Matos Galamba, convertem-se em dois milhões quatrocentos e sessenta e seis mil setecentos e setenta e cinco euros no total. Pois evidentemente! Como? Fácil! A vírgula ou melhor, a ausência dela. É a vírgula que separa a parte inteira de um número, da parte não inteira. Aliás nas outras cifras é a vírgula que faz essa separação e depois neste caso.... Os pontos põem-se eventualmente de mil em mil unidades, isto é, 1.000 (mil), 1.000.000 (um milhão), etc. Mas não é obrigatório. Usa-se em números muito grandes para facilitar a sua leitura. Nesta caso a disposição dos pontos acaba por estar mal feita (bastava que ambos os pontinhos recuassem uma casa para a esquerda) mas a leitura é essa: 2 milhões, 466 mil..., etc.
Junta de Freguesia do Torrão: 22.644,98€ convertem-se na totalidade em... 24.644,98€. Ficámos sem saber qual o valor correcto; se o valor parcial se o valor total. Ficamos a saber que 22.644,98 +0 +0 = 24.644,98€. São só 2000 de diferença. Pouca coisa.
E por fim, o «must»:
Bombeiros Voluntários de Alcácer do Sal: 55.881,79 + 42.838,18 =97.719,97€??? ERRADO. 55.881,79 + 42.838,18 = 98.719,97€. É suposto na contabilidade saber-se fazer contas. Depois do português temos agora também a matemática?! O Paulo Selão dá explicações de matemática. Não de matemática de primária mas se for preciso faz-se o sacrifício... e o pacote de oferta ainda inclui a prova dos nove e tudo.
Agora a sério: o que aqui está estampado à vista de todos nós é a falta de capacidade de análise... no mínimo. Até assusta a forma leviana como documentos oficiais e que envolvem dinheiros públicos são assinados assim sem mais não e com gralhas da ordem dos milhares de euros.
Inacreditável. É que comem a papinha toda, toda que lhes põem à frente. Toda. Se a papinha estiver envenenada caem fulminados na hora. Pouca dúvidas restam de que se, por absurdo, lhes colocassem em cima da secretária a sua sentença de morte para assinarem, assiná-la-iam de cruz.
E assim um documento oficial e público mais não é do que um borrão e uma burrada. Quem o redigiu, não sabemos mas quem o assinou fica irremediávelmente ligado a tamanha pérola.
É só mais uma.



P.S. - E ainda ficámos a saber que a CMAS adopta duas grafias: o português, como neste caso, e que é de louvar, e o «acordês», o português híbrido e mutilado do famigerado Acordo Ortográfico. Do mal o menos.

domingo, março 25, 2012

«Nós todos somos um com um só objectivo: a Verdade»



O Pedra no Chinelo está, como não podia deixar de ser, solidário com o Tugaleaks e com o cidadão Rui Cruz, blogger que o sistema quer silenciar. Nunca nos silenciarão. Por cada um que cai (se cair) mil se levantarão. Nós somos a maioria e iremos prevalecer. Todas as tentativas do sistema (global, nacional, local) estão de antemão condenadas ao fracasso e não passarão apenas e só disso mesmo; tentativas patéticas que mais não são, e que deixam à vista de todos, que não passam de manobras de desespero.
O sistema diz que somos terroristas, que lutamos e atentamos contra a democracia e a legitimidade (deles, claro), que só criticamos, que só dizemos mal, etc. Mas... será mesmo assim como eles dizem? Aliás, viveremos de facto em democracia ou esta é apenas formal e uma fachada? Porque é que o sistema só admite apenas a democracia representativa ou partidária e faz tudo para que a democracia directa ou participativa nunca venha a ser uma realidade ou seja um mero apêndice? E porque é que sonegam informação ou recorrem à contra-informação? Para puder participar e exercer na plenitude os seus direitos, o cidadão não tem que ter conhecimento de causa? Estar informado? Por isso mesmo. Ficam estas questões para reflexão e o endereço do site para o visitarem. Viva a liberdade informação.

http://www.tugaleaks.com/

sábado, março 24, 2012

A Frase

Portugueses. Torranenses. Há que compreender isto de uma vez por todas:

«É importante que tenham consciência de que o país será o que todos nós quisermos e para poder fazer com que a nossa vontade modele este país, para que haja um escrutínio democrático das decisões, é preciso estar informado, estar atento» - Marinho Pinto, Bastonário da Ordem dos Advogados

E participar, acrescenta-se. O Paulo Selão está atento, o Paulo Selão está informado e o Paulo Selão participará sempre independentemente das condições e quer eles queiram quer não e por fim o Pedra no Chinelo informa e apela a que todos sigam o exemplo do Paulo Selão e de muitos outros já e façam valer os seus direitos de cidadania porque se eles condicionam as nossas vidas nós temos forçosa e imperiosamente que os condicionar a eles. Eles não têm nem faca nem queijo na mão. Isso é uma ilusão. Nós sim é quem tem todos os instrumentos necessários que nem de perto nem de longe se resumem apenas ao voto. Eles têm isso sim apenas e só os cabrestos e os arreios postos pois estão eles sim condicionados. Temos é que de uma vez por todas segurar as rédeas que estão ali à espera de uma mão e conduzi-los porque uma carruagem (país, concelho, freguesia...) não pode andar desgovernada e as bestas têm que ser controladas e conduzidas até porque nem devem muito à inteligência o que eleva e muito a probabilidade de desastre. Aliás, é bom notar que, já todos vimos e pagamos bem caro o que acontece quando ficam à rédea solta.

sexta-feira, março 23, 2012

Isto é intolerável





Naturalmente que o Pedra no Chinelo não deixa passar em claro os recentes acontecimentos no Chiado e está do lado da democracia, da liberdade de expressão e da justiça e combate e combaterá ferozmente não só quem atenta contra os mais fracos como também a prepotência, o autoritarismo, a boçalidade e a falta de vergonha. Há muito que isto tem vindo a passar todas as marcas e já não vai lá com paninhos quentes. Há que agir doa a quem doer. Como diz Marinho Pinto, isto é uma ignomínia que é como quem diz, é uma vergonha, é uma infâmia.

quinta-feira, março 22, 2012

Os intocáveis


Em defesa:
  • Do emprego (DELES)
  • Do salário (DELES)
  • Dos direitos (DELES)
  • Dos serviços públicos ao serviço (das populações? Errado!) DELES
E não. Podem ficar descansados todos os torranenses. A Freguesia do Torrão não vai ser extinta e consequentemente a Junta de Freguesia não vai encerrar.

Ontém, quarta-feira, de manhã, na Rua do Poço Mau, em frente ao futuro lar de idosos, uma ruptura na canalização, com escoamento subterrâneo das águas, levou a que o chão abatesse mal uma viatura ali estacionou. Para reparar a fuga, a água foi cortada durante boa parte da manhã. Como se vê, a conduta é enorme, tem para aí 1 metro e tal de diâmetro. E o abatimento provocou uma enorme cratera, como se vê. Só tal explica que durante um dia inteiro não tivesse havido tempo para tapar o buraco. Hoje meteu-se a greve e lá ficou o burco aberto.
Estes senhores «choram», grande parte deles, de barriga cheia. Parte deles, ganham de mil euros para cima. O ritmo de trabalho é o do caracol. Têm um sistema de saúde à parte (ADSE) para eles e familia, pago por todos nós, e do qual usufruem mesmo depois de reformados. Têm um sistema de segurança social exclusivo (Caixa Geral de Aposentações) o que lhes permite uma boa reforma enquanto os demais mortais estão no regime geral da Segurança Social, que lhes dá direito a uma pensão tão miserável que, em alguns casos, nem para os medicamentos chega. Alguns deles são excedentários e, ao invés do que acontece em qualquer empresa, quem entra para os quadros do Estado não pode ser despedido. E depois os seus direitos adquiridos não podem ser beliscados nem mesmo que o país vá ao fundo e milhões de portugueses tenham que ser sacrificados em prol de uma casta privilegiada. E depois ainda se dão ao luxo de fazer greve e dizer coisas destas?!
Há quarenta anos atrás quando Portugal ia do Minho a Timor, não havia satélites, só existiam telefones, telexes e telefaxes, havia apenas cerca de 100.000 funcionários públicos. Hoje Portugal está reduzido à sua condição europeia, com internet, computadores e tecnologia de ponta e são quase um milhão (!) de almas. Uma enorme parte do orçamento de Estado serve para pagar um funcionalismo público que mais do que excedentário é já parasitário.
Eles têm direitos adquiridos e os restantes portugueses têm deveres adquiridos: dever de estarem vergados a uma brutal carga tributária para eles se banquetearem, dever de serem precários para eles estarem amesendados uma vida inteira, etc, etc, etc. Esses sim é que deviam fazer greve a começar por uma greve aos impostos.
Há muitos e bons motivos para a esmagadora maioria dos portugueses fazerem greve e eu estou solidário com eles mas estes cavalheiros (ou parte deles) não têm a mínima legitimidade para fazer greve como aqui o explicita, e bem, Miguel Sousa Távares. E não é só nos transportes. Por isso é que não querem nem ouvir falar em privatizações. Por isso é que não querem nem ouvir falar em reestruturações. Por isso é que não querem nem ouvir falar em reformas. Pudera! Os otários que paguem... ad eternum.


Fugas



O depósito da água. Deixa de ter fugas exteriores; passa a ter fugas interiores.

segunda-feira, março 19, 2012

Os filhos e os enteados

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Com esta, já foi a terceira vez que nos deslocamos à aldeia de S. Romão do Sado. Pelos vistos tudo continua da mesma. Ainda assim não há um pouco de asfalto para tapar estes buracos???













Bairro dos castelos, vila do Torrão. Rua Gago Coutinho, Rua Sacadura Cabral, Rua General Humberto Delgado. Buracos, asfalto em mau estado, desprezo e abandono.
Mas perguntar-se-á: o que é que têm em comum a aldeia de S. Romão do Sado e o bairro dos castelos, na vila do Torrão?
É fácil. Não dão votos em grande quantidade e não mora ali «ninguém que interesse».