quinta-feira, setembro 01, 2011

O evitável que levou ao inevitável

Uma violenta tempestade de verão, com algumas características de tempestade tropical, abateu-se sobre o Torrão causando inúmeros estragos. Os Bombeiros foram chamados a resolver várias ocorrências e até uma equipa de reforço foi deslocada de Alvito para a vila. E se alguns eram inevitáveis, outros eram perfeitamente evitáveis se, e aqui fez-se muitas recomendações nesse sentido, fossem levadas a cabo estratégias de segurança, planos de contingência adequados e sensatez quanto baste.




Um dos pontos sensíveis é na Rua 5 de Outubro, onde as estruturas de escoamento pluvial não têm capacidade de conter a carga neles induzida. A origem destas águas vem da Rua Nossa Senhora do Bom Sucesso.

Esteve-se mesmo para escrever aqui sobre esta situação. Uma intervenção no sentido de precisamente aumentar a capacidade de escoamento das águas, teve início há cerca de cinco meses. Cinco meses! Entretanto a obra vai sendo feita em câmara lenta e com o aproximar da época das chuvas eis aqui uma amostra do que pode acontecer. Lá está a tal má gestão de tempo que se falava na postagem sobre a deslocação do equipamento da cantina escolar. Evitável!















Nestas três fotos está retratado o caos e a destruição na Rua Nossa Senhora do Bom Sucesso.





Mais imagens da Rua 5 de Outubro. Recorde-se que esta rua também foi recentemente alvo de uma intervenção.





Uma obra da engenharia alentejana. O escoamento das águas não foi devidamente acautelado e agora sempre que há uma chuvada, a estrada nacional, junto ao cemitério fica assim. Para resolver o problema... uma solução de recurso como veremos.



Em vez de abrir um canal de escoamento por baixo da estrada, com as dimensões ideais; no meio do nada fez-se um escoamento do género que se faz nas ruas e no asfalto: uma entrada com grelha e um tubo de escoamento de dimensões irrisórias. O resultado? Aqui está ele. Pode não parecer mas debaixo desta lama está o tal ponto que de escoamento nada tem. Assim é fácil fazer engenharia. É fácil fazer tudo, todos são muito bons a fazer tudo até as «obras» serem postas à prova.





Aqui a estrada em pormenor.

























Esta série de imagens mostra tudo aquilo que aqui se tinha abordado. Lembram-se da pergunta: Então e agora? Fica assim?!
Eis o resultado. O muro de sustentação de que de falei...


Ah é verdade, o novíssimo pavilhão gimno-desportivo continua a meter água. E não é pouca. Mas desta vez o tecto falso não foi destruido como em Maio. Isso não se soube! Revelo-o aqui e agora em primeira mão.




Uma piscina no centro escolar que também mete água que se farta. Eu imagino as salas...

Os muros de sustentação têm que ter canais de escoamento com as devidas dimensões. Convém!










Rua do Poço Mau e Rua dos Fidalgos. É óbvio que também aqui o escoamento tem que ser melhorado.








Esta é outra zona peculiar. Asfaltou-se há muito a Rua General Humberto Delgado mas a travessa retratada como fica atrás dos quintais e não mora lá ninguém relevante, se é que me entendem, não tem direito a nem um grão de asfalto e depois o resultado é este.






































Em 1998, a Junta de Freguesia do Torrão contratou uma empresa para reparar esta estrada que dá acesso à estrada nacional. A reparação consistiu apenas em terraplanar a estrada. Claro que à primeira chuvada lá foi a estrada. Na altura, a obra custou 8.000 contos!

Uma estrada que podia ser uma alternativa de entrada no Torrão, assim se fizesse o que devia, é apenas um gerador de detritos que corta a estrada nacional e põe em risco os automobilistas..






Uma equipa dos Bombeiros de Alvito foi mobilizada pois este evento, que se pode considerar irrelevante, foi quanto bastou para sobrecarregar de forma irreversível o Corpo de Bombeiros local que ficou sem capacidade de acorrer em simultâneo a todas as solicitações.
Está-se mesmo a ver se houver um evento mais catastrófico a sua real capacidade operacional. Se o evento tivesse tido influência em toda a freguesia a sua capacidade de projecção em toda a área operacional ou de actuação teria sido nula. Muita escassez de recursos humanos, um pouco por todo o lado e aqui não é excepção. Uma das soluções passa por criar mais duas EIP (Equipas de Intervenção Permanente).




Lojas e residências particulares na Rua de Beja vêm-se sempre inundadas graças a um escoamento deficiente as águas pluviais. Recorde-se que esta zona foi requalificada em 2005.





Uma intervenção de elementos do Corpo de Bombeiros do Torrão numa residência particular na Rua de Beja.

A ideia com que se fica é que muitas destas situações são evitáveis. São transtornos e prejuízos que, em boa parte, podem e devem ser evitados ou minimizados assim haja bom senso e se zele, tanto os poderes e serviços públicos como os particulares, pelas infraestruturas e se houver boa planificação desde o início.

Há que estar ciente dos riscos e de que este tipo de eventos vão sendo cada vez mais frequentes e cada vez mais violentos. Urge todos estarem preparados para que a capacidade de resposta seja imediata.

Poder-se-á dizer que tal é inevitável. Sim! Mas estas saraivadas que atingem o Torrão nem de perto se comparam com uma tempestade com «T» maiusculo. Se uma tempestade destas faz os estragos que se vêm, imagine-se se o Torrão levasse com uma tempestade com a força do Irene ou do Catrina... era varrido do mapa?!

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