segunda-feira, fevereiro 28, 2011

O Discurso do REI...obviamente



O grande vencedor da edição dos Óscares deste ano.

sábado, fevereiro 26, 2011

Descubra as semelhanças












Dica 1: Tá tudo controlado ´
Dica 2: O que é preciso é calma e tranquilidade
Dica 3: No pasa nada

quinta-feira, fevereiro 24, 2011

Histórico

O Benfica nunca havia ganho um jogo na Alemanha... até ao dia de hoje.

Do que estão à espera...

...os americanos para intervir? A Líbia também tem petróleo e um ditador marado!

Descubra as diferenças




Dica: Um usou armas químicas o outro usa armamamento pesado

É preciso ajudar o povo líbio rapidamente e em força

A Bandeira do Reino da Líbia é a bandeira empunhada pelos manifestantes anti-Khadafi

Quando aqui escrevi este post premonitório e sucinto, meio a brincar meio a sério estava longe de pensar na situação que se vive passado um mês no mundo árabe e em particular na Líbia. Seja como for, o «Pedra» acertou na análise que fez.
O que importa agora é a situação catastrófica que se vive neste momento na Libia. É inaceitável o que se está por lá a passar. Reagan bem sabia com quem estava a lidar. Khadafi é de facto um «mad dog». O mundo democrático não pode assistir impávido, em pleno século XXI, ao genocídio de um povo às mãos de um louco. É preciso agir. É preciso uma condenação enérgica da ONU. É preciso enviar uma mensagem forte a Tripoli e pressionar fortemente o feroz regime Khadafista e avisá-lo das consequências. Por muito menos, Slobodan Milosevic, foi levado ao TPI para ser julgado por crimes contra a humanidade. Aquilo que se passa na Líbia é inédito. Atacam-se manifestantes com tanques, aviação e misseis! Há relatos verdadeiramente impressionantes de horror. Repúdio é o que sente qualquer democrata e todos os que acreditam que os direitos humanos não podem ser uma mera cartilha para acenar só quando dá jeito. E como não sou um democrata de pacotilha este meu post é um tributo e um grito de apelo de ajuda ao heróico povo líbio que combate contra um bando de loucos e mercenários a soldo destes.

quarta-feira, fevereiro 23, 2011

Poderá o Torrão retirar vantagens do futuro IC33?

Objectivo


Este trabalho tem como objectivo essencialmente mostrar a importância estratégica da Freguesia do Torrão. Importância essa que poderá crescer ainda mais com a passagem do futuro IC33. Pretende-se ainda que este trabalho, apesar de algo superficial e longe de ser um estudo minucioso, sirva como base para alguém no futuro desenvolver ainda mais em profundidade esta temática. Por fim espera-se que sirva para enquadrar e clarificar no sentido de agir de forma a que esta freguesia tire vantagens da sua localização única de maneira a não permitir a fuga de oportunidades cruciais e valências únicas para a região.


A Freguesia

A mais meridional das freguesias do Concelho de Alcácer do Sal e a segunda maior freguesia, do país, em área (372,763 quilómetros quadrados) - sendo a primeira Santa Maria do Castelo, freguesia também pertencente a este concelho - a Freguesia do Torrão conta com cerca de 2758 habitantes, de acordo com dados do INE, distribuidos por seis povoações: a Vila do Torrão (sede da freguesia) e as aldeias de Rio de Moinhos do Sado, Mil Brejos Batão, Casa Branca do Sado e S. Romão do Sado.
A Freguesia do Torrão é atravessada pelo Rio Xarrama - cuja nascente se situa nas próximidades de Évora e vai desaguar no Rio Sado - e é uma zona de terra férteis produzindo principalmente batata, azeite, cortiça, arroz e, tem-se assistido recentemente, a um cada vez maior desenvolvimento da actividade vitivinícula.
As principais actividades económicas do Torrão são a agricultura, a pecuária e a industria de panificação bem como a construção civil, serralharia e carpintaria.


Localização geográfica do Distrito de Setúbal

Localização geográfica do Concelho de Alcácer do Sal relativamente ao distrito em que se enquadra



Localização geográfica da Freguesia do Torrão em relação ao concelho a que pertence

O Torrão como zona de charneira


Localizada estratégicamente a meio do corredor Sines-Évora e praticamente no centro do triângulo Setúbal-Évora-Beja, a vila do Torrão e a freguesia em geral, assume-se assim como uma importante placa giratória no eixo norte-sul e também no eixo este-oeste distando 55 Km de Beja, 45 Km de Évora e 87 Km de Setúbal. A sua localização é fulcral por se encontrar assim estratégicamente colocada nas próximidades de infraestruturas estratégicas como sendo o aeroporto de Beja (já concluido mas ainda não operacional) e a futura fábrica de aeronáutica da EMBRAER em Évora (já em construção). O Torrão está ainda a cerca de 45 minutos da A2, via que liga Lisboa ao Algarve e a aproximadamente uma hora e meia de Lisboa, que se situa a cerca de 120 Km. O Torrão dista ainda a cerca de 60 Km do litoral mais concretamente da Comporta mas também de Tróia, locais onde estão implementadas importantes zonas turísticas.
Factor importantíssimo para a economia nacional e poderá sê-lo também para o Torrão, o complexo de Sines, engloba a refinaria petroquimica e o Porto de Sines. Com fundos naturais até 28 metros, o Porto de Sines é o maior porto de águas profundas da Europa. Devido às suas características geofísicas, é a principal porta de entrada de abastecimento energético de Portugal: gás natural, carvão, petróleo e seus derivados. Com o recrudescer da tensão e instabilidade no Médio Oriente e em particular no Egipto onde o desenvolvimento dos acontecimentos e da situação política poderão ter reflexos ao nível da operacionalidade do Canal do Suez, o Porto de Sines adquire deste modo uma importância estratégica crucial, o que vem de encontro ao que defendeu SAR D. Duarte Pio em recente entrevista à Golden News Cascais onde afirma que «Portugal não é um país periférico. Ao contrário, está no centro do mundo entre a Europa, África e América».
Como referido anteriormente, o Torrão situa-se ao centro do corredor Sines-Évora, situação privilegiada tendo em vista a passagem do futuro IC33, via que, entre outros, tem como objectivo reforçar as ligações entre o Porto de Sines e a Península Ibérica e o resto da Europa.




Mapa que procura demonstrar a importância estratégica da Freguesia do Torrão


O projecto IC33

Há cerca de doze anos que o tema IC33 começou a constar da agenda política local, nomeadamente da parte do Partido Socialista. O Itinerário Complementar Nº33, vulgo IC33 é uma via que irá ser concebida com o propósito principal de establecer uma ligação rodoviária entre o litoral e o interior sul do país e de proporcionar o reforço das acessibilidades regionais bem como - e isso é mais importante - de permitir o reforço das ligações entre o Porto de Sines e a Península Ibérica e restante Europa, contribuindo para alargar de forma relevante a área de influência deste porto, cujas especificidades já foram referidas anteriormente.
Integrado no Plano Rodoviário Nacional 2000 (PRN 2000) e integrando a Rede Rodoviária TransEuropeia (E82), o IC33, ao permitir a ligação referida entre o litoral e o interior sul bem como a conexão com Espanha e consequentemente com o resto da Europa, nomeadamente por parte do Porto de Sines, assume uma importância estratégica regional, nacional e de abertura à Europa significativa e não desprezável.
De acordo com o Estudo de Impacto Ambiental, o troço a ser construido será um corredor com 14 metros de largura que engloba duas vias e terá uma extensão de 70Km com início nas próximidades de Grândola e terminando nas próximidades de Évora.
O mesmo estudo, que divide o troço em três trechos prevê que a construção demore mais ou menos dois anos por trecho e cerca de três a quatro anos a sua totalidade.
Relativamente a postos de trabalho, o estudo prevê a criação, na fase de construção, de cerca de trezentos e na fase de exploração cerca de quarenta postos de trabalho nas áreas da limpeza e manutenção da via. Prevê-se ainda que esta via tenha um tráfego de aproximadamente quatro mil viaturas por dia.



Estudo de Impacto Ambiental - Mapa 1

Uma via, duas soluções


O Estudo de Impacto Ambiental, divide, como se disse, o trajecto em três trechos (para o caso vamos apenas nos debruçar sobre o trecho 2 por ser o que engloba a Freguesia do Torrão) e contempla duas soluções denominadas A e B.
Relativamente à passagem pela Freguesia do Torrão, o futuro traçado seja na versão A seja na versão B interceptará a ER2 no troço Torrão-Odivelas e a EN 383 no troço Torrão-Vila Nova da Baronia.




Estudo de Impacto Ambiental - Mapa 3 (Troço 2)



Qual a solução que melhor serve os interesses do Torrão?


O estudo aponta para um custo, relativamente à solução A, de 119.200.000 € e, relativamente à solução B, de 91.300.000 €. Para além disso, embora o estudo preveja várias combinações de alternativas por trechos, a Assembleia Municipal de Alcácer do Sal, em ofício enviado a várias entidades, identificou a ausência da combinação de alternativa B-(A, A1, A)-B sublinhando a preferência pela solução A por ser aquela que mais favorecerá não só o Torrão mas também Alcáçovas não prejudicando Vila Nova da Baronia nem Odivelas.
Na verdade, a intercepção do futuro IC33 com a ER 2, na versão A, distará apenas aproximadamente 4,5 Km do Torrão, em particular da intercepção da Rua de Beja (ER2) com a Rua da Estalagem enquanto na versão B distará aproximadamente 10,5 Km. Quanto à intercepção com a EN 383 a solução A prevê que esta se situe a cerca de 5 Km do Torrão, mais concretamente do campo de Futebol do Torino Torranense enquanto a alternativa B implica que esta se situe a cerca de 9,5 Km. Tanto num caso como noutro, as imagens seguintes retratam os pontos de intercepção referidos.
Ainda de acordo com a Assembleia Municipal, baseando-se no estudo, a solução B surge como a mais desiquilibrada do ponto de vista ambiental nomeadamente no que respeita ao movimento de terras e constituição de aterros. Por fim, este órgão autárquico alerta que a adopção da solução B irá afectar várias explorações agricolas, nomeadamente a Herdade das Soberanas, zona de importante produção vitivinícola reconhecida em todo o mundo como o demonstram os vários prémios arrecadados.
Por fim, também a Junta de Freguesia do Torrão, em concertação com os demais órgãos autárquicos, não deixou de se pronunciar sobre o assunto e em missiva dirigida à Estradas de Portugal usou como principal argumento o facto da construção do IC33 ter na sua génese a razão deste vir a complementar a A2 e o IP2 que já servem aglomerados populacionais nas imediações procurando ainda sensibilizar para o facto da freguesia vir a ter oportunidade de almejar o desenvolvimento da sua economia tendo para tal de estar servida de acessibilidades rodoviárias adequadas defendendo ainda que só a solução A trará manifestamente mais valias ao nível da mobilidade local, regional, nacional e até mesmo internacional o que beneficiará muito a região.

Local de intercepção do futuro IC33 com ER2 (Solução A)



Local de intercepção do futuro IC33 com ER2 (Solução B)



Local de intercepção do futuro IC33 com EN 383 (Solução A)



Local de intercepção do futuro IC33 com EN 383 (Solução B)


Conclusão


A conclusão que se tira é que a Freguesia do Torrão está implementada numa zona fulcral. O IC33 é uma via extremamente importante do ponto de vista estratégico.
A passagem do traçado do futuro IC33 poderá potenciar várias valências para uma região que se bate com a interioridade e o envelhecimento da sua população. Na verdade este traçado poderá abrir múltiplas prespectivas. Porém só isso não basta. Caberá ao Torrão e aos órgãos políticos locais a sapiência e inteligência necessárias de forma a conseguir captar investimento e atrair empresários para a região bem como apostar na formação nomeadamente das camadas mais jovens da população. São vários os desafios que se põem a começar pelo de tentar que a solução A seja adoptada e venha a vingar. Seja como for, para que tal desígnio se concretize não pode haver lugar ao imobilismo. Só o dinamismo dos diversos órgãos e instituições envolvendo toda a população poderá implicar o tão almejado desenvolvimento que estará ao alcance da região assim se aproveite a oportunidade.

segunda-feira, fevereiro 21, 2011

Simplesmente...


Nesta terra não há nada que resista VII

Desta vez foi o Mercado Municipal o «feliz» contemplado pela sanha destrutiva dos vândalos que, diga-mo-lo, pululam por aí. Mais palavras para quê? Estão aí as imagens...





Sinais dos tempos



Reportagem que dá conta das convulções e indefinição que vive o Médio Oriente. O mundo árabe vive numa encruzilhada entre o caminho rumo à democracia plena e o caminho rumo ao extremismo e ao fundamentalismo. Aqueles que de facto buscam a democracia terão que estar vigilantes pois as pulsões e tentações extremistas existem e devem ser levadas em linha de conta.

Assembleia Municipal reune no Torrão


Uma sessão descentralizada da Assembleia Municipal de Alcácer do Sal terá lugar no Torrão, no próximo dia 26 de Fevereiro, pelas 16.30h, na Sociedade 1º de Janeiro Torranense.
Antes do início dos trabalhos, os membros da Assembleia Municipal e os Executivos da Câmara e Junta de Freguesia farão um périplo pela freguesia a partir das 14.00h.

Elucidativo





domingo, fevereiro 20, 2011

Alcácer: Praticante de caiaque resgatado por helicóptero

Um praticante de caiaque foi esta tarde resgatado pelo helicóptero da Protecção Civil depois de ter caído à agua e permanecido duas horas na copa de uma árvore na barragem de Pego do Altar, em Alcácer do Sal. Ler mais

Entretanto por cá

"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, - reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta (...) "

E nós? Quando é que gritaremos: BASTA?
NÃO! ISTO NÃO É UM PROBLEMA DE GOVERNO! É UM PROBLEMA DE REGIME!
O povo português andará a fazer o papel de idiota enquanto considerar que os males do país têm origem no Primeiro-Ministro (seja ele quem for) e que o próximo será a solução. Não é! Não será! Que ninguém se iluda. Que ninguém pense que Portugal conquistará o seu lugar ao sol com passinhos de coelho.
Portugueses, a culpa não é nem pode ser de um só homem ou de um grupo restrito deles (Governo). A culpa é do sistema. Ou o país rebenta de vez com este sistema viciado e castrador da vontade nacional ou o sistema rebentará inevitávelmente com o país, com os jovens, com os idosos, com a classe média; com tudo. Será apenas uma questão de tempo. Aprefeiçoar a Democracia, exigir uma Democracia do século XXI, é imperioso, é um dever patriótico.

No fim dos anos oitenta foi na Europa de Leste

Aquilo que se verifica actualmente no Médio Oriente tem de facto alguma analogia com os acontecimentos que ditaram o fim dos regimes autocráticos comunistas na Europa de Leste no fim dos anos oitenta. Na verdade, tal como vai ocorrendo um pouco por todo o mundo árabe, o rastilho da mobilização popular em massa precipitou o fim abrupto desse regimes que pareciam sólidos e eternos.

É que não nos podemos esquecer que:
Por essa Europa fora, o carácter assassino do comunismo é um facto. O comunismo não matou devido à maldade de Estaline. O comunismo matou, porque esse sistema exige a morte dos adversários. Para espanto dos bifes, isto ainda causa polémica em Portugal.

Boletim meteorológico para o mundo árabe

A nota principal a ser levada em linha conta acerca dos últimos acontecimentos políticos no mundo árabe é de que invariávelemente e de forma categórica e convicta os povos do Médio Oriente estão a obrigar os regimes autocráticos que os têm oprimido durante décadas a «transigências que rebaixam e a violências que comprometem». E isto é um facto inegável. Quando a paciência se esgota...
O povo é de facto soberano e quando resolve exercer a sua soberania não há nada nem ninguém que lhe resista. Todo o regime tem que ter consciência que só vigora com o pleno consentimento deste. Ou o regime, seja ele de que espécie for, serve com lealdade e esmero o país ou então não servirá para nada. E nesse caso...

quarta-feira, fevereiro 16, 2011

Mau tempo assola Concelho de Alcácer do Sal

O mau tempo que se fez sentir durante a madrugada, com chuva, vento forte e trovoadas, fez estragos em várias regiões do país e dois feridos ligeiros em Alcácer do Sal. Ver mais

terça-feira, fevereiro 08, 2011

Só por curiosidade...

A lei n.º 26/84, atribui aos ex-Presidentes da República, nos termos do seu artigo 3º, uma subvenção mensal igual a 80% do vencimento do Presidente da República em exercício, ou seja, uma subvenção mensal de 4883,40€ a partir do termo do respectivo mandato. A este benefício acresce, nos termos ao artigo 6º da mesma lei, usufruir das seguintes regalias: Direito ao uso de automóvel do Estado, para o seu serviço pessoal, com condutor e combustível; Direito a disporem de um gabinete de trabalho, com telefone, uma secretária dactilógrafa e um assessor da sua confiança, destacados a seu pedido em regime de requisição de entre os funcionários e outros agentes do Estado; Direito a ajudas de custo nos termos da lei aplicável às deslocações do Primeiro Ministro, sempre que tenha de deslocar-se no desempenho de missões para fora da área da sua residência habitual; Direito a livre trânsito, a passaporte diplomático nas suas deslocações ao estrangeiro e a uso de porte de arma de defesa.

E agora pergunto eu: Qual a utilidade e as competências de um ex-PR para dispender isto tudo?
Agora multiplique-se por três mais o que gasta o no activo...

segunda-feira, fevereiro 07, 2011

domingo, fevereiro 06, 2011

Já por outro lado...

No ano passado (Na República Árabe do Egipto), o preço dos alimentos subiu 25%. Dos 80 milhões de habitantes, 70% têm menos de 30 anos. Entre os jovens, o desemprego chega a 90% e a pobreza absoluta atinge 40% da população.

São uns belos moços não são?
Como é que o outro dizia? Ah, que os presidentes defendem melhor a soberania do povo. Claro que sim! Eu digo mesmo mais: defendem melhor a soberania e o bem-estar do povo mesmo à custa do seu sacrifício pessoal.
Assim é que é falar. O resto é musica.

Números dourados

Para quem gosta de repúblicas (pudera) aqui está mais um caso. Não há nem um que não se encha e o apetite é voraz, insaciável e ilimitado. É que não param mesmo de depois de acumularem valores monetários que não gastariam nem em dez vidas. República é isto e o resto é conversa.

A fortuna acumulada por Hosni Mubarak, Presidente do Egipto desde 1981, rondará os 45 mil milhões de euros, valor que corresponde ao intervalo de 50-70 mil milhões de dólares estimados por fontes da ABC News. O pé-de-meia acumulado por Mubarak, pela mulher e dois filhos, estará depositado em bancos fora do Egipto, supostamente no Reino Unido e na Suíça.

quinta-feira, fevereiro 03, 2011

quarta-feira, fevereiro 02, 2011

Tomai

Para a bimbalhada e, já agora que vem mesmo a talho de foice, para aqueles mocinhos cagarólas que insistem em vir aqui de vez em quando mandar umas boquinhas ordinárias.
EAT THAT
GLORIOSO SLB

Cairo escaldante Cairo

Isto é o Cairo. Excitante Cairo...
Veremos até onde escaldará. Que ninguém duvide que ali de facto se joga o «xadrêz mundial». Não esqueçamos que é o Egipto quem controla o Canal do Suez, um ponto geo-estratégico fundamental o que faz do país dos faraós um país chave. Quem controlar o Egipto controla o Canal do Suez e quem controla o Canal do Suez tem a chave mestra da economia mundial nas mãos. O grande medo? A emergência do fundamentalismo islâmico. Quem dará o xeque-mate?

Uma música inspiradora dos míticos Táxi com uma roupagem moderna...

terça-feira, fevereiro 01, 2011

1 de Fevereiro, o Dia Nacional da Infâmia


Era um dia exactamente igual ao de hoje aquele longínquo 1 de Fevereiro de 1908; frio e soalheiro. Às 17.30 tombava, varado por balas disparadas pelas costas, como é timbre dos cobardes, aquele que foi, a meu ver, em todos os aspectos, o mais brilhante dos Chefes de Estado que Portugal teve em todo o século XX e o seu promiossor filho primogénito de vinte anos. A seguir a ele, por tudo o que foi até à sua morte no exílio, só mesmo o seu outro filho, aquele que sobreviveu ao atentado terrorista e aquele que lhe sucedeu - D. Manuel II.
É este «acto glorioso» o tiro de partida para a imposição de uma república a um povo a quem há um século lhe tem sido negado o direito de se pronunciar sobre a mesma por via democrática.

O relato do atentado para quem o viveu de forma trágica
D. Manuel II
21 de Maio de 1908

Notas absolutamente íntimas

Há já uns poucos de dias que tinha a ideia de escrever para mim estas notas íntimas, desde o dia 1 de Fevereiro de 1908, dia do horroroso atentado no qual perdi barbaramente assassinados o meu querido Pai e o meu tão querido Irmão. Isto que aqui escrevo é ao correr da pena mas vou dizer francamente e claramente e sem estilo tudo o que se passou. Talvez isto seja curioso para mim se Deus me der vida e saúde. Isto é uma declaração que eu faço a mim mesmo. Como isto é uma história íntima do meu reinado vou iniciá-la pelo horroroso e cruel atentado.

No dia 1 de Fevereiro regressavam Suas Majestades El-Rei D. Carlos I e a Rainha D. Amélia e Sua Alteza o Príncipe Real de Vila Viçosa onde ainda tinha ficado. Eu tinha vindo mais cedo (uns dias antes) por causa dos meus estudos de preparação para a Escola Naval. Tinha ido passar dois dias a Vila Viçosa tinha regressado novamente a Lisboa.


Na capital estava tudo no estado de excitação extraordinária: Bem se viu aqui no dia 28 de Janeiro em que houve uma tentativa de revolução a qual não venceu. Nessa tentativa estava implicada muita gente: foi depois dessa noite de 28, que o Ministro da Justiça Teixeira de Abreu levou a Vila Viçosa o famoso decreto que foi publicado em 31 de Janeiro. Foi uma triste coincidência ter sido publicado em 31 de Janeiro. Foi uma triste coincidência ter sido publicado nesse dia aniversário da Revolta do Porto. Meu Pai não tinha vontade nenhuma de voltar a Lisboa. Bem me lembro que eu estava para voltar para Lisboa 15 dias antes e que meu Pai quis ficar em Vila Viçosa: minha Mãe pelo contrário queria forçosamente vir. Recordo-me perfeitamente desta frase que me disse na véspera ou no próprio dia que eu regressei a Lisboa depois de ter estado dois dias em Vila Viçosa. «Só se eu quebrar uma perna é que não volto para Lisboa no dia 1 de Fevereiro.»

Melhor teria sido que não tivessem voltado porque não tinha eu perdido dois entes tão queridos e não me achava hoje Rei! Enfim, seja feita a Vossa Vontade Meu Deus!

Mas voltando ao tal decreto de 31 de Janeiro. Já estavam presas diferentes pessoas políticas importantes:

António José de Almeida, republicano e antigo deputado, João Chagas, republicano, João Pinto dos Santos, dissidente e antigo deputado; Visconde da Ribeira Brava e outros. Este António José de Almeida é um dos mais sérios dos republicanos e é um convicto, segundo dizem.

João Pinto dos Santos, é também um dos mais sérios do seu partido, o Visconde da Ribeira Brava não presta para muito e tinha sido preso com as armas na mão no dia 28 de Janeiro. Mas o António José de Almeida e J. Pinto dos Santos não podiam ter sido julgados senão pela Câmara como deputados da última Câmara. Ora creio que a tenção do Governo era mandar alguns para Timor tirando assim por um decreto ditatorial um dos mais importantes direitos dos deputados.

O Conselheiro José Maria de Alpoim, par do Reino e chefe do partido dissidente, tinha tido a sua casa cercada pela polícia mas depois tinha fugido para Espanha. Um outro dissidente também tinha fugido para Espanha e lá andou disfarçado. Outro que tinha sido preso foi o Afonso Costa: esse é o pior do que existe não só em Portugal mas em todo o Mundo; é medroso e covarde, mas inteligente e para chegar aos seus fins qualquer pouca vergonha lhe é indiferente.

Mas isto tudo é apenas para entrar depois mais detalhadamente na história íntima do meu reinado.

Como disse mais atrás eu estava em Lisboa quando foi o 28 de Janeiro; houve uma pessoa minha amiga (que se não me engano foi o meu professor Abel Fontoura da Costa) que disse a um dos ministros que eu gostava de saber um pouco o que se passava, porque isto estava num tal estado de excitação. O João Franco escreveu-me então uma carta que eu tenho a maior pena de ter rasgado, porque nessa carta dizia-me que tudo estava sossegado e que não havia nada a recear! Que cegueira!

Mas passemos agora ao fatal dia 1 de Fevereiro de 1908, sábado.

De manhã tinha eu tido o Marques Leitão e o King. Almocei tranquilamente com o Visconde de Asseca e o Kerausch. Depois do almoço estive a tocar piano, muito contente porque naquele dia dava-se pela primeira vez o «Tristão e Isolda» de Wagner em S. Carlos. Na véspera tinha estado tocando a 4 mãos com o meu querido Mestre Alexandre Rey Colaço o «Séptuor» de Beethoven, que era e é uma das obras que mais aprecio deste génio musical. Depois de almoço à hora habitual quer dizer a 1 3/4 comecei a minha lição com o Padre Fiadeiro. A hora do Fontoura era às 5 1/2. Acabei com o Fontoura às 3 horas e pouco depois recebi um telegrama da minha adorada Mãe dizendo-me que tinha havido um descarrilamento na Casa Branca, mas que não tinha acontecido nada, mas que vinham com três quartos de hora de atraso. Vendo que nada tinha acontecido dei Graças a Deus, mas nem me passou pela mente como bem se pode calcular o que havia de acontecer. Agora pergunto-me eu. Aquele descarrilamento foi um simples acaso? Ou foi premeditado para que houvesse um atraso e se chegasse mais tarde? Não sei. Hoje fiquei em dúvida. Depois do horror que se passou fica-se duvidando de muita coisa. Um pouco depois das 4 horas saí do Paço das Necessidades num landau com o Visconde de Asseca em direcção ao Terreiro do Paço para esperarmos Suas Majestades e Alteza. Fomos pela Pampulha, Janelas Verdes, Aterro e Rua do Arsenal. Chegámos ao Terreiro do Paço. na estação estava muita gente da Corte e mesmo sem ser. Conversei primeiro com o Ministro da Guerra, Vasconcelos Porto, talvez o ministro de quem eu mais gostava no Ministério de João Franco. Disse-me que tudo estava bem. Esperámos muito tempo; finalmente chegou o barco em que vinham meus Pais e meu Irmão. Abracei-os e viemos seguindo até à porta onde entrámos para a carruagem os quatro. No fundo a minha adorada Mãe dando a esquerda a meu pobre Pai. O meu chorado Irmão diante do meu Pai e eu diante da minha Mãe. Sobretudo o que agora vou escrever é que me custa mais: ao pensar no momento horroroso que passei confundem-se-me as ideias. Que tarde e que noite mais atroz! Ninguém neste mundo pode calcular, não, sonhar o que foi. Creio que só a minha pobre e adorada Mãe e eu podemos saber bem o que isto é!

Vou agora contar o que se passou naquela histórica Praça.

Saímos da estação bastante devagar. Minha Mãe vinha-me a contar como se tinha passado o descarrilamento na Casa Branca quando se ouviu o primeiro tiro no meio do Terreiro do Paço, mas que eu não ouvi: era sem dúvida o sinal: sinal para começar aquela monstruosidade infame, porque pode-se dizer e digo que foi o sinal para começar a batida. Foi a mesma coisa do que se faz numa batida às feras: sabe-se que tem de passar por caminho certo: quando entra nesse caminho dá-se um sinal e começa o fogo! Infames!

Eu estava olhando para o lado da estátua de D. José e vi um homem de barba preta, com um grande gabão. Vi esse homem abrir a capa e tirar a carabina. Eu estava tão longe de pensar num horror destes que me disse para mim mesmo, sabendo o estado de exaltação em que isto tudo estava «que má brincadeira». O homem saiu do passeio e veio se pôr atrás da carruagem e começou a fazer fogo.

Faço aqui um pequeno desenho para mesmo me ajudar.

1) Estátua de D. José

2) sítio onde estava o Buíça, o homem de barbas

3) lugar onde começou a fazer fogo

4) sítio aproximadamente onde devia estar a carruagem real quando o homem começou a fazer fogo

5) portão do Arsenal

6) Praça do Pelourinho

7) sítio aproximadamente donde saiu o tal Costa que matou meu Pai

Quando vi tal homem de barbas, que tinha uma cara de meter medo, apontar sobre a carruagem percebi bem, infelizmente, o que era. Meu Deus que horror. O que então se passou. Só Deus minha Mãe e eu sabemos; porque mesmo o meu querido e chorado Irmão presenceou poucos segundos porque instantes depois também era varado pelas balas. Que saudades meu Deus! Dai-me a força Senhor para levar esta Cruz, bem pesada, ao Calvário! Só vós, Meu Deus sabeis o que tenho sofrido!

Logo depois do Buíça ter feito fogo (que eu não sei se acertou) começou uma perfeita fuzilada, como numa batida às feras! Aquele Terreiro do Paço estava deserto nenhuma providência! Isso é que me custa mais a perdoar ao João Franco. Se durante o seu ministério sobretudo na parte da ditadura cometeu erros isso para mim é menos. Tenho a certeza que a sua intenção era muito boa; os meios é que foram maus, péssimos, pois acabou da maneira mais atroz que jamais se poderia imaginar. Quando se lhe dizia que isto ia mal que havia anarquistas no nosso País ele não acreditou.

O primeiro sintoma que eu me lembro de ter havido foi a explosão daquelas bombas na Rua de Santo António à Estrela. Recordo-me perfeitamente a impressão que me fez quando soube! Foi no Verão estávamos então na Pena. Quem me diria o que havia de acontecer 6 ou 8 meses depois! Mas voltando novamente ao pavoroso atentado.

Sei de um dos comandantes da polícia o Coronel Correia estava muito inquieto e o João Franco não acreditava que pudesse ter lugar qualquer coisa desagradável, quanto menos um horror destes, e infelizmente não estavam tomadas providências nenhumas.

Imediatamente depois do Buíça começar a fazer fogo saiu de debaixo da Arcada do Ministério um outro homem que desfechou uns poucos de tiros à queima-roupa sobre o meu Pai; uma das balas entrou pelas costas e outra pela nuca, que O matou instantaneamente. Que infames! para completarem a sua atroz malvadez e sua medonha covardia fizeram fogo pelas costas. Depois disto não me lembro quase do resto: foi tão rápido! Lembra-me perfeitamente de ver a minha adorada e heróica Mãe de pé na carruagem com um ramo de flores na mão gritando àqueles malvados animais, porque aqueles não são gente «infames, infames».

A confusão era enorme. Lembra-me também e isso nunca poderei esquecer, quando na esquina do Terreiro do Paço para a Rua do Arsenal, vi o meu Irmão em pé dentro da carruagem com uma pistola na mão. Só digo d’Ele o que o Cónego Aires Pacheco disse nas exéquias nos Jerónimos: «Morreu como um herói ao lado do seu Rei»! Não há para mim frase mais bela e que exprima melhor todo o sentimento que possa ter.

Meu Deus que horror! Quando penso nesta tremenda desgraça, ainda me parece um pesadelo!

Quando de repente já na Rua do Arsenal olhei para o meu queridíssimo Irmão vi-O caído para o lado direito com uma ferida enorme na face esquerda de onde o sangue jorrava como de uma fonte! Tirei um lenço da algibeira para ver se lhe estancava o sangue: mas que podia eu fazer? O lenço ficou logo como uma esponja:

No meio daquela enorme confusão estava-se em dúvida para onde devia ir a carruagem: pensou-se no hospital da Estrela, mas achou-se melhor o Arsenal.

Eu também, já na Rua do Arsenal fui ferido num braço por uma bala. Faz o efeito de uma pancada e um pouco uma chicotada: foi na parte superior do braço direito.

Agora que penso ainda neste pavoroso dia e no medonho atentado parece-me e tenho quase a certeza (não quero afirmar porque nestes momentos angustiosos perde-se a noção das coisas) que eu escapei por ter feito um movimento instintivo para o lado esquerdo.

Na segunda carruagem vinham os Condes de Figueiró e o Marquês de Alvito e na terceira o Visconde de Asseca, o Vice-Almirante Guilherme A. de Brito Capelo e o Major António Waddington. Quando vínhamos a entrar o portão do Arsenal a Condessa de Figueiró entrou também na nossa carruagem e lembra-me que o Visconde de Asseca e o Conde de Figueiró vinham ao lado da carruagem. Dentro do Arsenal saí da carruagem primeiro e depois a minha adorada Mãe.

Foi verdadeiramente um milagre termos escapado: Deus quis poupar-nos! Dou Graças a Deus de me ter deixado a minha Mãe que eu tanto adoro. Sempre foi a pessoa que eu mais gostei neste mundo e no meio destes horrores todos dou e darei sempre graças a Deus de me A ter conservado!

Quando a Minha adorada Mãe saiu da carruagem foi direita ao João Franco que ali estava e disse-lhe ou antes gritou-lhe com uma voz que fazia medo «Mataram El-Rei: Mataram o meu Filho». A minha pobre Mãe parecia doida. E na verdade não era para menos: Eu também não sei como não endoideci.

O que então se passou naquelas horas no Arsenal ninguém pode sonhar! A primeira coisa foi que perdi completamente a noção do tempo. Agarrei a minha pobre e tão querida Mãe por um braço e não larguei e disse à Condessa de Figueiró para não a deixar.

Contudo ia entrando muita gente da Casa, diplomatas, os ministros e mesmo ministros de Estado honorários.

Estava-se ainda na dúvida (infelizmente de pouca duração se ainda viviam os dois entes tão queridos! Estavam lá muitos médicos entre outros o Dr. Bossa (que me parece foi o primeiro que chegou) o Dr. Moreira Júnior e o Dr. D. António Lencastre. Contou-me depois (já alguns dias depois) o Dr. Bossa que logo que chegou acendeu um fósforo e ainda as pupilas se retraíram. Quando porém repetiu a experiência nem mesmo esse pequeno sinal de vida lhe restava.

Descansa em paz no sono Eterno e que Deus tenha a Tua Alma na sua Santa Guarda!

De meu Pai e mesmo meu Irmão não tinha grandes esperanças que pudessem escapar. As feridas eram tão horrorosas que me parecia impossível que se salvassem. Como disse já lá estava o Ministério todo menos o Ministro da Fazenda Martins de Carvalho.

Isso é que nunca poderei esquecer é que fazendo parte do Ministério do meu querido Pai quando foi assassinado não foi ao Arsenal! Diz-se (não o quero afirmar) que fugiu para as águas-furtadas do Ministério da Fazenda e ali fechou a porta à chave! seja como for há agora seis meses que Meu Pai e Meu Irmão de chorada memória foram assassinados e nunca mais aqui pôs os pés! Acho isso absolutamente extraordinário!… para não dizer mais.

Preveniu-se para o Paço da Ajuda a minha pobre Avó para vir para o Arsenal. Eu não estava quando Ela chegou. Estavam-me a tratar o braço na sala do Inspector do Arsenal.

Quando a Avó chegou foi direita à minha Mãe e disse-lhe «On a tué mon fils!» e a minha Mãe respondeu-lhe: «Et le mien aussi!» Meu Deus dai-me força.

Mas antes disto houve diferentes coisas que quero contar.

A minha pobre e adorada Mãe andava comigo pelo Arsenal de um lado para o outro com diferentes pessoas: Conde de Sabugosa, Condes de Figueiró, Condes de Galveias e outros falando de sempre num estado de excitação indescritível mas fácil de compreender. De repente caiu no chão! Só Deus e eu sabemos o susto que eu tive! Depois do que tinha acontecido veio aquela reacção e eu nem quero dizer o que primeiro me passou pela cabeça.

Depois vi bem o que era: o choque pavoroso fazia o seu efeito! Minha Mãe levantou-se quase envergonhada de ter caído. É um verdadeiro herói. Quem dera a muitos homens terem a décima parte da coragem que a minha Mãe tem.

Tem sido uma verdadeira mártir! O que eu rogo a Deus sempre e a cada instante é para m’A conservar!

Pouco tempo depois de termos chegado ao Arsenal veio ainda o major Waddington dizendo que os Queridos Entes ainda estavam vivos; mas infelizmente pouco tempo depois voltou chorando muito. Perguntei-lhe «Então?» Não me respondeu. Disse-lhe que tinha força para ouvir tudo. respondeu-me então que já ambos tinham falecido! Dai-lhes Senhor o Eterno descanso e brilhe sobre Eles a Vossa Luz Eterna Ámen!

Pouco depois vi passar João Franco com o Aires de Ornelas (Ministro da Marinha) e talvez (disso não me lembro ao certo) com o Vasconcelos Porto, Ministro da Guerra, dirigindo-se para a Sala da Balança para telefonarem que se tomassem todas as previdências necessárias. São isto cenas, que viva eu cem anos, ficarão gravadas no meu coração. Agora já era noite o que ainda tornava tudo mais horroroso e sinistro: estava já então muita gente no Arsenal, e principiou-se a pensar no regresso para o Paço das Necessidades. No presente momento em que estou escrevendo estas linhas estou repassando com horror, tudo no meu pensamento! Entrámos então para o landau fechado, a minha Avó, minha Mãe e o Conde de Sabugosa e eu. Saímos do Arsenal pelo portão que deita para o Cais do Sodré onde estava um esquadrão da Guarda Municipal comandado pelo Tenente Paul: Na almofada ia o Coronel Alfredo de Albuquerque: à saída entregaram ao Conde de Sabugosa um revólver; minha Avó também queria um.

Viemos então a toda brida para o Paço das Necessidades. À entrada esperavam-nos a Duquesa de Palmela, Marquesa do Faial, Condessa de Sabugosa, Dr. Th. de Mello Breyner, Conde de Tattenbach, Ministro da Alemanha e a Condessa, e muitos criados da casa. Foi uma cena horrorosa! Todos choravam aflitivamente. Subimos muito vagarosamente a escada no meio dos prantos e choros de todos os presentes. Acompanhei a minha pobre e adorada Mãe até ao seu quarto e deixei a minha pobre Avó na sala.
Raínha D. Amélia

Excerto do "Diário de Dona Amélia de Orleães e Bragança", onde a Rainha lamenta o desaparecimento trágico de S.M., O Rei Dom Carlos e do Príncipe Real Dom Luiz Filipe.

Lisboa, Palácio das Necessidades
Sábado, 1 de Fevereiro de 1908

Escrever. Escrever para não gritar. Para não perder a razão - sim, para não perder a razão. Para expulsar, por um instante que seja, as terríveis imagens deste dia, e suportar o longo horror desta noite, a primeira de todas as que estão para vir.
Escrevo para mim. Escrevo para não enlouquecer, (...) mas a Rainha de Portugal não se entrega à loucura. Ela cumpre o seu dever, ou morre como morreu hoje o Rei de Portugal, Dom Carlos I, como morreu hoje o Príncipe Herdeiro, Dom, Luiz Filipe, como Ela própria deveria ter morrido sob as balas dos assassinos.
Meu Deus, porque permitiste que matassem o meu Filho? Protegi-o com todo o meu corpo, expus-me aos tiros, quis desesperadamente que eles me trespassassem a mim. E bastou uma única bala para destruir o rosto do meu filho. (...)
A dor cobriu tudo. Esvaziou-me o Espírito. As recordações desapareceram, estou incapaz de chorar. Inerte. (...)
Preciso de continuar a escrever até que o dia rompa, em vez de deixar que os pesadelos me invadam num sono inquieto. É preciso descrever a realidade, mais cruel do que o pior dos pesadelos.