domingo, janeiro 23, 2011

Leitura de resultados

Em primeiro lugar, os totalmente inesperados resultados de Cavaco Silva e Francisco Lopes. Um muito acima e outro muito abaixo dos quais se devem tirar ilações, nomeadamente da parte do PCP/CDU. Nem com a dispersão de votos socialistas e nem com o descontentamento motivado pela crise, a CDU descola obtendo este resultado natural e essencialmente pelo crónico (e em massa) voto comunista de Rio de Moinhos.
Manuel Alegre é o paradigma, no Torrão, do por um se ganha por um se perde. A Assembleia Municipal foi ganha, relembro, por 5 votos; Alegre perde por 3. Naturalmente que houve dispersão do eleitorado socialista pela abstenção, Cavaco e Nobre básicamente. Fica também a análise que se espera útil às estruturas do PS. Sei de dois eleitores que votaram PS nas últimas autárquicas que desta vez não votaram no candidato PS. Sei de eleitores que votaram PS nas últimas autárquicas que se abstiveram. Na minha casa foram dois, para ser mais específico. Pelas mais diversas razões deu-se a dispersão. No meu caso por não concordar com esta forma de Chefia de Estado, como todos, ou pelo menos os que me leiem, sabem. Estes 4 votos eram suficientes para Alegre ficar à frente na Freguesia do Torrão. Todos contam e contarão sempre e não apenas em momentos específicos! Que ninguém se iluda! Ninguém é dono dos votos, nem da razão crítica de ninguém. No meu caso pessoal tal permissa é mais que certa. Que fique para memória futura. Que se reflita e analise a fundo os números e os factos.
Guardo para o fim, o que considero mais significativo, tanto por razões pessoais como quantitativas e qualitativas - A Abstenção. A abstenção, tal como tinha previsto, foi altíssima, contando com 56,57%. Em 2139 eleitores inscritos, apenas 929 se deslocaram às urnas. Se a essa se juntarem os votos nulos e brancos, tal dá um resultado total de 60,44%.
O significado qualitativo, a ilação que se tira deste resultado é que a população do Torrão está descontente. Não certamente com o trabalho dos políticos locais por razões óbvias. Não é todos os dias que se investe um montante no Torrão da ordem dos 8 milhões de euros. Não é todos os dias que se requalficam ou se erguem tantas infraestruturas em simultâneo. O descontentamento, em sintonia com o geral descontentamento na população portuguesa, será, na minha opinião, com a qualidade da democracia; com o regime. Relembro particularmente algumas opiniões pertinentes de algumas figuras públicas dos quais em alguns casos neste blog faço referência.
A moral da história é que é importante que se faça uma reflexão em profundidade - e não apenas superficial - tanto a nível local como a nível nacional sob pena de haver surpresas a curto e médio prazo as quais sinceramente não só não me surpreenderão como as acharei perfeitamente naturais.

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