sexta-feira, dezembro 24, 2010

A fuga do açucar

"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas..."
Guerra Junqueiro (1850-1923)

O que também deu que falar foi o facto de perto do Natal o açucar ter escasseado. Logo nesta altura! Que coincidência!
No entanto foi positivo ter acontecido algo do género pois assim ficamos a saber que Portugal há muito que acabou com a produção de açucar a partir da beterraba (por imposição europeia, só pode) ao invés de França e Alemanha que fizeram orelhas moucas e continuaram a produzir. Mais uma vez ficou demonstado que Portugal fica nas mãos de terceiros até para ter açucar e claro, para o ter tem que pagar e alguém tem que lucrar. Quinhentos anos depois de termos detido o monopólio do comércio deste produto. Realmente a república tem espatifado tudo. É impressionante! O povo português já não é expoliado com subtileza; é descaradamente roubado por tudo e todos sem contudo esboçar um só esgar sendo deste modo também culpado e cumplice numa situação que, se vermos bem, afinal merece.
Este era um bom tema para confrontar o Sr. Silva pois foi durante os governos por ele presididos que se deram os maiores incentivos ao abate da frota pesqueira e à liquidação de boa parte da agricultura nacional. Já o ouvimos afirmar - para além de ter dito que não era responsável(!!!) pelo estado a que o país chegou - que temos de nos voltar para o mar - esquecendo-se contudo de dizer quem foi que lhe virou antes as costas. Não me espanta nada se ele vier dizer que temos que nos dedicar à cultura da beterraba.
Realmente, a cara de pau de certa gente não conhece mesmo limites.

Sem comentários: