terça-feira, dezembro 28, 2010

Postais de Natal

Ridendo castigat mores (A rir se corrigem os costumes)

Querido Pai Natal

Quero antes de mais agradecer-te as prendinhas que me deste ano. Sei que não foram muitas mas fiquei satisfeito. É justo! Escrevo esta singela carta para te agradecer mas também para te elucidar acerca do insólito trabalhinho que certamente já te apercebeste aqui por terras de Bernardim. Naturalmente que já pusestes os olhos neste lindo servicinho que aqui é feito há dois anos consecutivos e certamente já deu para uma pequena reflexão.
Não sei se tal te desagrada ou não nem sei se tu, porventura durante a tua longa vida, já viste algo do género. Aliás, tal como eu, já te deves ter interrogado com questões do género: Como é possível permitir-se uma coisa destas? Como é que é possível alguém autorizar outrem a carregar árvores inteiras para serem queimadas em plena via publica? Por acaso foi solicitado deferimento a quem de direito? E se foi, autorizaram? E se autorizaram, quem em concreto é que assinou? E quem assinou por acaso tem noção daquilo que autorizou?
Caso porventura queiras contar as tuas peripécias aos teus amigos e se eles ficarem incrédulos ou na duvida podes sempre mostrar-lhes as fotos pois como se costuma dizer: uma imagem vale mais que mil palavras e longe de mim eu querer que tu passes por mentiroso.
Vê lá tu que há dois anos seguidos, para aí uma semana antes do Natal até depois do Ano Novo, o que dá um período de tempo de mais ou menos duas semanas, troncos de árvores e, pior, a base do tronco e raízes atafulhadas de lama, barro, terra e pedras são carregados para o Largo do Cruzeiro para aí serem consumidos num fogo ininterrupto durante o período de tempo referido.
Para além de constrangir o trânsito sendo aquela uma zona problemática por dificuldades de manobra quando dois veículos se cruzam naquele ponto – o que vale é que tu quando ali passas já a noite vai alta e não se vê vivalma senão metias o Rodolfo e restantes renas em cargas de trabalhos quando para mais nós sabemos que os trenós não podem fazer marcha atrás - ainda há lugar a poluição visual e poluição física do local com lama, barro, terra, areia, cinza (que entretanto se vão acumulando), tições, fuligem e fumo e ainda por cima sendo este um período do ano em que chove bastante estão reunidas todas as condições para a conversão do sitio num autentico lamaçal ou, como se diz por cá, num autentico atasqueiro. Segundo consta, este serviço é feito por uma auto intitulada comissão de festas(?) e acaba por beneficiar terceiros com a agravante de fazer, sujar, usar e depois para limpar como seria o seu dever, não. Ao invés disso é solicitado aos serviços camarários, pagos com o dinheiro dos contribuintes, vê lá tu, para que limpem e deixem tudo como estava antes cabendo a tarefa de limpar o que outros deliberadamente sujaram, aos funcionários da Câmara!!! É que ainda se fosse no adro da igreja matriz mesmo sabendo que tal nem sequer é tradição secular por estas paragens ainda vá que não vá! Vamos imaginar que quaisquer outras pessoas… sei lá… assim de repente… comerciantes e donos de cafés por exemplo, iriam querer tomar a iniciativa e fazer o mesmo. Se se autoriza num local tem que se autorizar em todos os demais sob pena de haver desigualdade de trato. Vamos imaginar que mais alguém iria querer fazer algo semelhante no Largo de S. Francisco, na Rua do Relógio, na Praça Bernardim Ribeiro e por aí fora. Como é que os senhores que autorizaram, se é que autorizaram, se é que tiveram conhecimento, descalçavam essa bota?
Não sei qual é a tua opinião. Talvez até tu não só concordes como até aplaudas tal iniciativa pois o teu trabalho deve ser de tal forma extenuante que te apeteça fazer umas pausas ao longo da noite e ainda para mais numa noite fria como é a do Natal é sempre reconfortante e revigorante parar junto a uma lareirazinha sem importância (como é o caso) onde está quentinho. Quem sabe até se tu já precavido do ano passado, sabendo da existência de tal, trouxestes um farnel – pois, porque àquela hora já não dá para comprar nada em lado nenhum tal é o adiantado da hora - para matar a fome e retemperar forças? Um bocado de toucinho rançoso ou uma chouriça manhosa assados na brasa regados com um vinhito a martelo ou uma «bjeca» enquanto tu te aqueces... Não te censuro! Quantos não há por aí que aproveitando tal borralho fazem o mesmo, deglutindo uma lauta petiscada enquanto olham para as brasas? Até lambem os beiços… Agora imagina que eu e outros como eu também iriam querer dar-te as boas vindas e para isso desatava a carregar umas arvorezitas para o meio da rua e acendíamos um belo dum fogo para tu te aqueceres! Então não podemos nós também ser gentis para com o Pai Natal e ajudá-lo a ganhar alento para levar a bom termo tão hercúlea tarefa?!
Que se façam uns arraiais pelos santos populares muito bem. É pitoresco, é tradição e só dura um curto período de tempo, não suja e trás cor e alegria e desde já te convido pois ao contrário da longínqua e gélida Lapónia o clima por estas latitudes é bem melhor daqui a seis meses do que agora. Te asseguro. Que se faça um presépio e se embelezem as ruas pelo Natal é bonito, é original e não prejudica ninguém e é uma forma de decorar a vila, no fundo uma forma de te dar as boas vindas. Assim se fizessem mais. Agora aquilo, perdoa-me o desabafo, é nitidamente um exagero, uma ocupação ilegítima e abusiva da via pública. Se fosse uma coisita pequenina e sem significado, agora uma coisinha àquela escala tanto no tempo como em termos de dimensão?! Acaso não concordarás comigo e não acharás falta de bom senso apesar de tudo?
Bem, não te maço mais, espero sinceramente que ponderes o meu convite. És e serás sempre bem-vindo ao Torrão e quem sabe se para o ano não haverá uma mas várias fogueiras desgarradas a darem-te as boas vindas. Cumprimentos para ti e teus amigos e votos de feliz ano novo.

Aquele abraço

Paulo Selão

























domingo, dezembro 26, 2010

A grande missão do Pedra no Chinelo

«-....mais uma vez, e através de ti, venho a ter informações da nossa Terra. Gostaria então que por este meio viesses a dar os meus agredecimentos a todos os envolvidos nesta enormíssima obra, e para Ti um enorme obrigado com o desejo de boas Festas para Ti e Tua Mãe com um Abraço,....Inacio Vaz»

Estas palavras do Inácio, que poderiam ser de qualquer um dos inúmeros torraneses que emigraram para outras paragens espelham bem a importância de um espaço onde se possa ter notícias do Torrão, do Alentejo, de Portugal. O Pedra é, há muito, pelo que me chega aos ouvidos, uma referência para quem está fora, um cantinho que dá a conhecer o Torrão a quem saiu mas também a qualquer pessoa por esse mundo fora e é prinicipalmente isso que me dá força, alento, motivação e estímulo para escrever neste nosso blog. É por isso também que eu não me restrinjo apenas a uma determinada matéria antes procurando escrever desde política até notícias mais mundanas, desporto, comentários a factos, etc, etc fazendo do Pedra um blog eclético, assim por dizer. Sim porque o Pedra no Chinelo é de todos nós, não só meu mas de todos aqueles que o visitam por bem. Um grande bem haja para vós todos e Boas Festas são os sinceros votos do Paulo Selão.

Olhe faz favor é um ginásio como deve ser, se não for pedir muito

Esta é a sala de ginásio do novo pavilhão municipal. Já ouvi dizer que será para aulas de dança e também o pessoal do karaté se anda a «afiambrar» ao espaço mas eu pergunto: Danças? Danças???
Então na Sociedade já há aulas de dança desde 2007! As opções são ballet, sevilhanas e danças de salão e no entanto só existe ballet que é dado a crianças. Já houve sevilhanas e danças de salão, opções que neste momento estão fechadas por falta de inscrições e agora querem-me pôr danças no pavilhão?! Devem pensar que é só por ser no pavilhão que meio mundo quer ir ter aulas de dança... Não, não descobriram a pólvora, lamento informar e perdoem-me vos ter desiludido mas não há nada pior do que uma ilusão quimérica. Pergunto ainda: Porque não um ginásio equipado como deve ser? Há pra aí muito jovem de ambos os sexos a terem que sair do Torrão para frequantar um ginásio o que é incrivel. Ferreira tem, Viana tem, Alcácer tem, Évora naturalmente tem, Alcáçovas presumo que também tem, Grândola tem - aliás, em Grândola o polidesportivo municipal tem naturalmente um ginásio equipado havendo uma oferta, mediante o pagamento de uma determinada quantia por mês pois a manutenção de tal espaço assim o exige, que vai desde o yoga, passando pelo body combat, aérobica, fitness, musculação, etc. - e o Torrão mais uma vez para variar é uma ilha de desolação relativamente a tal.
Vamos lá a ver: existem outras infraestruturas para praticar desportos no Torrão; a saber: pavilhão e campo do Torino, piscinas e polidesportivo e há ainda a Sociedade. As aulas de dança são ministradas na Sociedade bem como o karaté. No pavilhão do Torino, está instalado, provisoriamente o lar de idosos até o novo lar estar pronto. Quando sairem de lá fica um espaço daqueles às moscas? Não me parece sensato.
Não há só desportos com bola. Nem eu, nem outros como eu temos que andar forçosamente feitos estúpidos a correr atrás de uma bola e é se quisermos e se não quisermos termos que ir para fora.
Há outros desportos que são de importância capital para a manutenção física e que podem ser praticados por gente de ambos os sexos e de todas as idades tais como o spinning, o fitness, o cardiofitness, o treino de contra-resistência, vulgo musculação, o yoga, etc., etc.
E mais: se não houver este tipo de actividades que terão mais adeptos de ambos os sexos do que muita gente pensa e se pensar só em karatés, danças e tal vão-se preparando pois este pavilhão, um dos melhores em toda esta região, será mais um que ficará com pouca utilização não justificando a verba dispendida.
Será que tem que andar tudo em bando mudando para o espaço mais recente deixando os outros espaços ao abondono? Será que devemos fazer juz ao ditado: por causa dos amores novos esquecem-se os velhos?
Haja diversidade. Quanto maior a oferta menos monótono se torna o Torrão e mais apelativo este é para gente de fora... e de dentro.









Porém...

...chama-se a atenção a quem de direito que o pavilhão apresenta algumas goteiras.
Um pavilhão tão novo e já a meter água?




Pavilhão Municipal do Torrão - Jogo inaugural

Finda a cerimónia de inauguração do pavilhão municipal, decorreu em seguida, tal como anunciado no filme, o jogo inaugural entre os juniores do Benfica e, ao contrário do que foi dito por lapso, não as velhas glórias do Torino Torranense, mas um conjunto de jovens que jogam futsal já há muito tempo juntos e que, em homenagem ao Torino, clube que neste momento está extinto, envergaram as cores e representaram o emblema deste que foi até há cerca de sensivelmente uma década o clube desportivo representativo do Torrão.









sábado, dezembro 25, 2010

Cerimónia de inauguração do pavilhão municipal do Torrão

Cerimónia de inauguração do novo pavilhão municipal do Torrão. Este evento teve lugar no dia 19 de Dezembro de 2010.




Deixa-me lá ver se eu percebo isto

De acordo com este texto, que se socorre de uma notícia veiculada pelo jornal O Diabo, refere-se relativamente ao actual presidente que sendo este «apoiado formalmente por dois partidos, PSD e CDS-PP, Cavaco tem zero euros na rubrica orçamental de "contribuição de partidos". No entanto de acordo com este outro, «O candidato à Presidência da República Cavaco Silva foi o candidato que apresentou o orçamento mais elevado para a campanha eleitoral, de 2,1 milhões de euros.»
Então vamos lá recapitular: A campanha de Cavaco apresenta zero euros no seu orçamento quanto a comparticipações dos partidos que o apoiam no entanto, a fazer fé num outro texto, este é o mais elevado de todos ascendendo a cerca de 2,1 milhões de euros. Agora eu pergunto: Afinal de onde vem este dinheiro todo? Do PS é que não vem de certeza absoluta. Quem financia esta candidatura em particular e porquê?
Lá está. Como é dito aqui: «As despesas eleitorais são hoje vultuosas e quem não competir nesses gastos não pode acalentar quaisquer ilusões quanto aos resultados. A política eleitoral fez-se em grande parte um negócio com empresários nos bastidores. Os apoios financeiros não são prestados gratuitamente; terão de ser recompensados pelo Poder

sexta-feira, dezembro 24, 2010

Elementar meus caros




Para enquadrar melhor o que afirmo nas duas últimas postagens, a saber: 'República é isto' e 'República é também isto' e para enquadrar também o que se passa no seio das ditas repúblicas a começar pela de cá, onde a labuta pelo alojamento em Belém e no vértice do Estado português começa a fazer-se sentir, seria interessante ler algumas passagens do livro Razões Reais da autoria de Mário Saraiva, editado por Universitária Editora. Quem quiser de facto saber mais, aconselho a sua leitura. Não é pesado em termos de leitura e pode ser lido até pelos menos cultos.


Atentemos pois nalgumas das mais interessantes passagens:


«É indiscutível que um Presidente, porque é eleito, representará apenas uma parcela - o sector maior ou menor dos seus eleitores - e nunca poderá, com algum fundamento, atribuir-se-lhe a representação dos que não quiserem votá-lo e de quantos preferiram os candidatos seus opositores.»

«A eleição é uma escolha e, como tal, pressupõe divergências de opiniões, a discussão generalizada e a divisão do país em volta dos candidatos propostos.»


«(...) Nos periodos eleitorais respira-se a atmosfera de uma guerra civil.»


«Podem apresentar-se ao país dois, três ou quatro nomes indigitados à Presidência da República, mas quem os escolheu senão os directórios dos partidos ou dos agrupamentos políticos, em actividade eleitoral?»



«(...) Um Presidente, seja qual for a sua estrutura mental, o que é neste particular senão um improvisado? Não nasceu, nem foi preparado para a Presidência. Não tirou qualquer curso de Presidente, que os não há. Vai, sujeito a todas as contingências, exprimentar-se. A sua actuação terá um carácter precário e de surpresa. Naturalmente os primeiros tempos serão gastos a conhecer o meio e a adaptar-se ao lugar. Depois, passado esse periodo inicial de auto-aprendizagem, quando poderia começar a sentir-se suficientemente apto, ensaiando com relativa segurança e consciência a acção presidencial, então estará chegado o termo constitucional do seu mandato... e um novo eleito, outro improvisado, irá substitui-lo, repetindo o mesmo ciclo improfícuo e insensato.»

«Um Presidente da República teve de ser proposto, a sua candidatura teve de ser pertinazmente defendida, a eleição afanosamente trabalhada e dispendiosamente conseguida. E por quem, se não por um partido ou por um agrupamentodo do qual o candidato seja pessoa de confiança? Ao fim, a vitória alcançada sobre as forças políticas adversárias não exprimirá tanto um exito pessoal do novo Presidente, como o triunfo da força política que o escolheu e levou ao poder.
Na mecânica normal do sistema republicano, a Presidência tem necessáriamente um côr política e partidária. Nestas condições, como poderia caracterizar-se pela independência e imparcialidade da sua acção o Chefe de Estado que, como candidato, começa por ficar dependente dos compromissos que o ligam ao seu partido ou à corrente política que o propõe; e, como eleito, sujeito às forças que o apoiaram?
Acaso poderá confiar-se que, uma vez no poder, o eleito rompa, deslealmente, com os amigos e correligionários que nele confiaram e o elegeram, para dispensar tratamento de igualdade às oposições que o combateram nas eleições e contra as quais sempre se defrontou como adversário político?
É necessário ser demasiado crédulo para se fiar na imparcialidade de funções, a partir de uma disputa eleitoral do cargo.»

«(...) o mal não vai dos homens mas, do determinismo dos sistemas. As despesas eleitorais são hoje vultuosas e quem não competir nesses gastos não pode acalentar quaisquer ilusões quanto aos resultados. A política eleitoral fez-se em grande parte um negócio com empresários nos bastidores. Os apoios financeiros não são prestados gratuitamente; terão de ser recompensados pelo Poder.»

«Debatendo-se com o predominio das oligarquias capitalistas que se assenhoreiam facilmente do poder oriundo da eleição (pois não é o dinheiro que acciona a máquina da propaganda que ganha ou compra a maioria dos votos?), sem uma autoridade superior e independente que as neutralize, resta no estado republicano, como geralmente mais viável, o caminho da revolução, mas esta leva às soluções extremistas com o nivelamento por baixo o que não é, evidentemente, um progresso.»

«Quer os Governos, quer os Parlamentos, quer o Presidente, estão sujeitos periodicamente e a curto prazo às mais imprevistas e súbitas mutações dependentes das contingências eleitorais.
No sistema republicano não existe nenhum órgão, nenhuma instituição, que represente a continuidade da Pátria. Todos os poderes são caracterizadamente partidários, na origem, nas funções, no significado e, como tal, inconstantes e instáveis como a opinião pública de onde provêm.»

«As impugnações da legitimidade das eleições presidenciais têm sido, aliás, tão invariávelmente apresentadas pelos próprios adeptos do método eleitoral, quando delas saem vencidos, que não vale a pena reeditá-las.»

«Que a instabilidade das repúblicas provém em grande parte do inconveniente modo de preenchimento da chefia do estado, encontra-se, aliás, abundantemente demonstrado na prática. A disputa repetida do lugar da Presidência conduz, via da regra, aos dois males extremos: ou à desordem produzida pelo choque das facções políticas, ou à imposição ditatorial de uma dessas facções políticas. O estado de equilibrio é raro, difícil e sempre instável.
As repúblicas existentes confirmam esta observação que, de resto, vem de todos os tempos.»

Qualquer república que se preze, a começar pela local, não deixa os seus créditos por mãos alheias esforçando-se briosa e heroicamente com galhardia para que todas estas permissas sejam válidas uma por uma.

República é também isto

(Mais) Um bom exemplo do que é república made in Cote d'Ivoire.

República é isto!

- Eu sou mais isento do que tu.
- Nada disso; eu é que sou mais isento.
- Eu sou o mais isento de todos.
- Eu não sou um presidente de facção. Isto é uma campanha suja.
...

Estas e outras temos ouvido - salvo seja que eu não lhes passo cartão; como dizem os brasileiros: «comigo não, violão» - a rodos. Nunca antes se falou tanto de isenção e todos competem para ver quem é que é de facto isento e o menos faccioso como se tal fosse possível.
Afinal república é isto mesmo.

A fuga do açucar

"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas..."
Guerra Junqueiro (1850-1923)

O que também deu que falar foi o facto de perto do Natal o açucar ter escasseado. Logo nesta altura! Que coincidência!
No entanto foi positivo ter acontecido algo do género pois assim ficamos a saber que Portugal há muito que acabou com a produção de açucar a partir da beterraba (por imposição europeia, só pode) ao invés de França e Alemanha que fizeram orelhas moucas e continuaram a produzir. Mais uma vez ficou demonstado que Portugal fica nas mãos de terceiros até para ter açucar e claro, para o ter tem que pagar e alguém tem que lucrar. Quinhentos anos depois de termos detido o monopólio do comércio deste produto. Realmente a república tem espatifado tudo. É impressionante! O povo português já não é expoliado com subtileza; é descaradamente roubado por tudo e todos sem contudo esboçar um só esgar sendo deste modo também culpado e cumplice numa situação que, se vermos bem, afinal merece.
Este era um bom tema para confrontar o Sr. Silva pois foi durante os governos por ele presididos que se deram os maiores incentivos ao abate da frota pesqueira e à liquidação de boa parte da agricultura nacional. Já o ouvimos afirmar - para além de ter dito que não era responsável(!!!) pelo estado a que o país chegou - que temos de nos voltar para o mar - esquecendo-se contudo de dizer quem foi que lhe virou antes as costas. Não me espanta nada se ele vier dizer que temos que nos dedicar à cultura da beterraba.
Realmente, a cara de pau de certa gente não conhece mesmo limites.

segunda-feira, dezembro 13, 2010

Portugal dá cartas no atletismo



Depois de duas semanas atarefadíssimas eis que estou de regresso; para gáudio de uns e para infelicidade de outros que pensavam que eu se calhar já tinha emigrado (o que, pensando bem, até nem era má ideia).
O desporto português está mais uma vez de parabéns. No 17º Campeonato da Europa de Corta-Mato, que se realizou em Albufeira, as portuguesas Jéssica Augusto e Dulce Félix conquistaram respectivamente a medalha de ouro e a medalha de Bronze. Deste modo, a Selecção Nacional feminina foi a que subiu ao lugar mais alto do podium. Também nos masculinos a Selecção Nacional almejou o segundo lugar tal como Eduardo Mbengani. Também em terceiro, nos juniores, ficou Rui Pinto ficando no segundo posto a selecção em que está integrado.
Quem também brilhou foram os sub-23 que ficaram no top-10.
Modalidades, que ao contrário das tristezas do futebol, dão alegria e medalhas. Pedir mais é impossível. Portugal tem de facto, como se afirma no cartaz, os melhores atletas (extra futebol) mas que mesmo assim, ao invés desses ou de alguns desses, não são vedetas.

quinta-feira, dezembro 02, 2010

Novas oportunidades... perdidas






Óóóóó más qué mala suerte...
Tchin tchin

...and the winner is... RUSSIA



Diziam que era barato, quase "de borla". Afinal como habitualmente, tal era (mais) uma das mentiras deste Executivo, desta feita ajudado pelo Presidente da FPF, Gilberto Parca Madaíl. Não bastava a desastrosa e humilhante candidatura ao Mundial em que a ideia foi nossa e parecemos quase convidados, como escrevemos meses atrás aqui no CF, não bastava ter sido apresentada uma candidatura à principal competição mundial de futebol de uma maneira lesiva da história e do nome de Portugal, não era suficiente a invenção do “homo ibericus” (!!!), agora a somar a tudo isso chega a conta: o Mundial vai custar 150 milhões de euros a Portugal !

Diz-nos o DN de hoje que "Dos 21 estádios indicados pela candidatura ibérica, só três são portugueses: Luz, Alvalade e Dragão. Das 18 cidades sede, 16 são espanholas, apenas Lisboa e Porto escapam a esta contagem. Dos 64 jogos que compõem a competição, Portugal será contemplado com 20 ou 21, sem final e sem jogo de abertura. Perante esta repartição, se quinta-feira o Comité Executivo da FIFA entregar a organização do Mundial 2018 ao projecto ibérico, a Portugal caberá um investimento de cerca de 150 milhões de euros (no Euro 2004, foram gastos 665 milhões só nos dez estádios), enquanto o torneio custará a Espanha perto de 350 milhões, aos quais são acrescidos 1,5 mil milhões de euros para a construção e remodelação de recintos.

Está bom de ver que nos saiu, de novo, a fava: 3 estádios apenas, um custo de 150 milhões! E o dinheiro vai voar já dos depauperados cofres nacionais!

Os primeiros milhões a sair dos cofres da candidatura ibérica (2,2 milhões dos portugueses e os 5,2 milhões dos espanhóis), poderão sair de imediato na próxima quinta-feira, bastando para isso vencer a eleição. Este montante oficializará o arranque da organização.

A relação de investimento de 70% para Espanha e 30% para Portugal será proporcional à receita que o Mundial irá gerar com patrocinadores, direitos televisivos e marketing. Sendo que nestes pontos, o retorno financeiro esperado é cerca de seis vezes e meia mais do que 510 milhões de euros estipulados para as despesas. E nestas contas não está contabilizado o lucro a médio prazo que a visibilidade da competição pode originar ao nível da promoção e turismo.

Escrevem os jornalistas do DN CARLOS NOGUEIRA e SÍLVIA FRECHES que, perante este tipo de repartição, quer de estádios, jogos e investimento, ressalta de imediato a ideia de subalternização de Portugal face a Espanha. Algo que desde o início foi desvalorizado pelas federações dos dois países e que, segundo o director-geral do Europeu 2004, António Laranjo, e o especialista em marketing , Carlos Coelho, em nada beliscam a imagem de Portugal perante o mundo. Ambos consideram que se a candidatura não fosse conjunta o projecto não teria viabilidade.

Laranjo é da opinião de que é o Mundial de 2018 que "beneficiará da boleia de uma organização sedeada em dois países geograficamente contíguos, culturalmente idênticos, linguisticamente similares, económica e socialmente próximos e apaixonados pelo futebol. A unidade ibérica é sem sombra de dúvidas o melhor veículo para transportar o mundial ao patamar de sucesso".

Também para Carlos Coelho a aliança ibérica significa "usar o poder da península" e não faz sentido pensar em perda de identidade. "Significa antes segurança em nos afirmarmos no contexto ibérico e deixarmos de fingir que somos uma ilha. O nosso nacionalismo não deve enfraquecer , mas temos de ser realistas e não cegar perante as oportunidades ", assumiu.

Como antes escrevemos é um ultraje quando responsáveis nacionais do futebol, autores da ideia da candidatura, se deixam ultrapassar por Espanha, que entretanto percebeu o potencial político para as suas cores da ideia que lhes foi proposta pelos portugueses, e aceitam que esta candidatura se denomine de "Candidatura Ibérica" e tenha um site com o mesmo nome na internet. É um ultraje quando o nome de Portugal, autor da ideia, surge agora em segundo lugar. É um ultraje quando o nosso País participa neste evento quase como se fosse um "convidado" de Espanha. É por fim um ultraje quando se aceita que um texto com este teor surja publicado no site oficial da candidatura:(...) España y Portugal, dos países con frontera común en los mapas pero sin líneas divisorias en la realidad cotidiana, hablan de unidad. Dos países que han caminado juntos una misma historia, la historia de la Península Ibérica, donde se han entrecruzado diferentes pueblos provenientes de desiguales horizontes no sólo geográficos, sino también culturales y religiosos. Portugal y España son dos pueblos donde sus ciudadanos comparten, y han compartido, el mismo destino, la misma fe en el futuro, las mismas ansias de progreso en una tierra hermosa, dura y rica, la que forjado el carácter del “homo ibericus” (!!!)

É, no fundo, Portugal no seu pior. E nós a pagar!

publicado por Pedro Quartin Graça AQUI