quinta-feira, setembro 22, 2005

Não perceberam?! Daaaaahhh!

O regresso de Fátima Felgueiras não foi por acaso. A estratégia de Felgueiras é bastante inteligente, manipuladora, que visa o marketing e o show político, sendo apenas concebível em repúblicas das bananas como infelizmente Portugal é; um país sem rei nem roque.
Foragida no Brasil desde 2003, Felgueiras regressa agora, repare-se, a uma semana do início da campanha eleitoral. Assim que regressou, por sua livre e espontânea vontade e afirmando que comunicou às autoridades a sua intenção, mal pôs os pés em Portugal foi imediatamente detida pela PJ, que nem a deixou ir de avião até ao Porto, como era sua intenção, querendo assim mostrar serviço e, no fundo, fazer o que lhe competia fazer. Presente a tribunal, a juíza decidiu libertar a ex-autarca impondo-lhe uma única condição; a de não sair do país. Isto é incrível. Mas isso faz algum sentido? É óbvio que Fátima Felgueiras não vai sair do país. Se ela quisesse sair do país não tinha regressado. Só o que se passou no dia do seu regresso é suficiente para a converter numa heroína injustiçada. Mas ela veio para ficar; para concorrer às eleições autárquicas. A máquina já estava pronta, só faltava o regresso da ex-autarca.
No fim do dia do seu regresso, havia ainda jornalistas que perguntavam se Felgueiras viria para ser candidata. Mas é claro que sim! Voltava para quê? Para fazer turismo?! As dúvidas que ainda alguns pudessem ter foram dissipadas no fim da mesma noite quando ela confirmou que de facto iria ser candidata à Câmara Municipal de Felgueiras como independente. Nem podia ser de outra forma!
Fátima Felgueiras nunca esteve isolada e incontactável no Brasil. Esteve sempre em contacto com a sua equipa e o seu regresso foi dado em função das notícias que lhe chegavam de Portugal.
Seja pelos seus dotes oratórios; seja pelo seu carisma; seja lá pelo que for, o que é certo é que o povo felgueirense a adora. Tenho para mim que o seu regresso apenas se deveu ao facto de ter tido conhecimento de que ainda goza de uma enorme popularidade e que a eleição estaria praticamente assegurada; caso contrário... Com a mediática manobra levada a cabo ontem, eu não tenho dúvidas, Felgueiras já ganhou as eleições e como bónus ainda é capaz de ter o apoio da concelhia do PS, que vendo o esmagador apoio popular de que esta goza, começa a dar sinais de que vai abandonar o seu candidato e apoiar Fátima Felgueiras.
É a tão apregoada ética republicana no seu melhor!
Quanto à jogada, por esta levada a cabo, a única coisa que tenho a dizer é que é genial apesar da parada ser alta e de risco elevado. Vencendo as eleições em Felgueiras e se ainda por cima com uma maioria esmagadora qual é o tribunal, em Portugal, que teria coragem de imediatamente a seguir lhe suspender ou até mesmo retirar o mandato se se provar que Fátima Felgueiras de facto cometeu algum dos crimes de que a acusam. E nesse caso até mesmo a forma como vai decorrer o julgamento...

Bravo! Continuem assim!

No Iraque a pouca vergonha dos ocupantes soma e segue. Em Bassorá, a segunda maior cidade do Iraque, dois agentes dos serviços secretos militares ingleses disfarçados de árabes e armados até aos dentes, sabe-se lá por que raio, abriram fogo matando civis e polícias iraquianos. A polícia iraquiana fez o que lhe competia, detendo os dois homens e preparando-se para os levar perante o juiz. O exército ocupante é que não achou lá muito democrático nem muita graça a isso e de pronto enviou alguns tanques (não fazem a coisa por menos) para libertar os camaradas de armas. Tiveram o descaramento de o fazer à luz do dia ao que a população revoltada, de imediato cercou e incendiou com cocktails molotov (o que não falta no Iraque é gasolina e petróleo para bombas incendiárias) os veículos. Os soldados não tiveram outro remédio senão abandonar os tanques e porem-se em fuga com a cobertura de patrulhas a pé sem antes serem bem apedrejados pelos revoltosos.
O ocupante, raivoso com a afronta da população e da polícia, é que não desistiu e cobardemente pela calada da noite volta a enviar os tanques que, numa operação relâmpago, sem dó nem piedade passaram por cima dos carros da polícia esmagando-os e posteriormente precipitando-os contra as paredes da esquadra destruindo-a e reduzindo-a a um monte de escombros conseguindo, enfim, resgatar os agentes argumentando em seguida que era objectivo da policia entregar os tipos à milícia do chamado clérigo radical Moqtada al-Sadr. Radical só por ser contra a presença estrangeira no Iraque está bem de ver. Engraçado ia jurar que tinha ouvido dizer que no sul do país tudo estava tranquilo mas afinal parece que há milícias aí operar.
A destruição é que era escusada pois a polícia e exército iraquianos têm sido equipados pelos ocupantes e agora pura e simplesmente lá terão que estupidamente voltar a equipa-los. Quem agradece esta acção são certamente os restantes 150 reclusos que estavam detidos nas instalações da polícia iraquiana e que graças à confusão gerada pela destruição da prisão aproveitaram para se «pôr ao fresco».
Curiosamente – vem agora a talhe de foice – não se ouve falar em equipar a Marinha e a Força Aérea iraquianas. Será para continuar a manter e dominar o espaço aéreo e marítimo de um país que dizem ser soberano? Só importa é equipar o exército e treinar os iraquianos para irem combater a resistência para o invasor ficar na retaguarda. Como os rebeldes não operam nem no mar nem no ar...
O Governo de Bagdad; esse, limitou-se apenas a ficar incomodado com o sucedido e, pelos vistos, não protestou veementemente e nem sequer exigiu um pedido de satisfações, o que leva a crer que o Governo iraquiano saído de umas eleições que, segundo as potências ocupantes, tinham sido «um sucesso» mais não é do que um governo-fantoche.
Este tipo de acções é a melhor coisa que podem fazer! É disto que necessitam para a sua popularidade se manter em alta! Todos os iraquianos (excepto os que colaboram e ganham com isso) vão ficando cada vez mais fartos de uma ocupação anglo-saxónica asfixiante e incómoda e um dia talvez lhes façam o mesmo que os portugueses fizeram no século XIX, quando os ingleses permaneceram em Portugal depois de terem ajudado a repelir as invasões francesas e se deixaram ficar, mandando em Portugal como se estivessem em sua casa. Há coisas que nunca mudam só que as medidas a tomar... também não.
Ah, e certamente que os xiitas ainda não se esqueceram que foram abandonados à sua sorte pelos anglo-americanos, aquando da primeira guerra no golfo, depois destes os terem incitado a revoltarem-se contra a ditadura de Saddam, prometendo que os ajudariam...
Al Sadr, que na altura estava em Londres, é que se calhar não se esqueceu e é por isso que é «radical».

quarta-feira, setembro 21, 2005

Bem feito!

Estavam já W. Bush e Tony Blair esfregando as mãos de contentes com a perspectiva de, com a vitória dos conservadores alemães da CDU, verem a Alemanha, em matéria de politica externa, aproximar-se ou mesmo aderir ao eixo anglo-americano, no que ao Iraque diz respeito, quando de repente os sociais democratas do SPD, liderados pelo actual Chanceler Gerard Schroeder, conseguem fazer uma recuperação espectacular conseguindo anular a vantagem inicial de Merkel e arrancar do eleitorado germânico um empate técnico. Por esta não esperavam eles! Que grande balde de água fria! Espero que não apanhem nenhuma gripe... nem mesmo a das aves... por enquanto!

Vende-se

Vendem-se algumas moedas em ouro. As moedas são do:
Reinado de D. João V datadas de 1725, 1726 e 1732;
Reinado de D. José I datadas de 1754, 1765,1770, 1772 e 1774;
Reinado de D. Maria I (e Regência do Principe D. João) datadas de 1778,
1779, 1780, 1782, 1783, 1785, 1786, 1789, 1790, 1793, 1795, 1796, 1800,
1803, 1806, 1809 e 1811;
Reinado de D. João VI datada de 1822.


Para entrar em contacto:
Mario Silva
telf. 265669341
pedra-no-chinelo@hotmail.com

sexta-feira, setembro 16, 2005

Afinal havia outra!

George W. Bush, depois de fortemente criticado pela resposta desastrosa à tragédia de Nova Orleães, vem agora dizer que a reabilitação da capital do Jazz será o maior plano de reconstrução de todos os tempos. Engraçado, pensava que o tinha ouvido dizer, aquando dos preparativos para a invasão do Iraque, que o maior plano de reconstrução fosse levado à prática nesse país.
Era o que eu pensava! Era tudo lérias para enganar a malta! A mim não me enganam eles!

Bela camaradagem!

«Porque me perseguis tão desumanamente, vós,
que me estais comendo vivo e fartando-vos da
minha carne?»
Job


De acordo com o diário britânico The Guardian, há empresas de cosméticos chinesas cujos produtos anti-rugas e similares, que são vendidos na Europa e EUA, contêm restos de tecidos humanos. Análises levadas a cabo a esses produtos vêm confirmar a presença de tal coisa na sua composição. Na verdade, de acordo com este jornal, é retirada a pele dos cadáveres de prisioneiros condenados à morte por fuzilamento, sem que estes tivessem dado o seu consentimento. Mas do que é que estavam à espera? Que a ditadura chinesa enviasse algum camarada para perguntar aos camaradas presos e condenados à morte se estes quereriam prestar um derradeiro serviço ao «povo» doando a sua pele para ser comercializada em simples produtos de beleza?
E se calhar, com jeitinho, se lhes é retirada a pele para fazer cosméticos, nalguns casos ainda moribundos, também é muito provável que lhes sejam retirados órgãos para transplante posteriormente vendidos no mercado negro.
Ao que tudo indica, este macabro esquema tem o alto patrocínio do Governo da República Popular que, aliás, pediu discrição, aos intervenientes, em todo o processo. Um médico chinês, exilado nos EUA, confirmou toda a estória e afirmou que ele próprio chegou a esfolar antigos prisioneiros acabados de executar, cujo coração nalguns ainda palpitava.
O regime comunista é que não perdeu tempo e já veio a terreiro desmentir tudo!
Para além de ser ética e moralmente reprovável, há ainda o perigo de se contrair doenças devido ao facto de alguns destes tecidos estarem contaminados.
O que eu gostaria, em todo este caso, era de ouvir o que é que os camaradas portugueses do PCP e até do BE, sempre com um discurso tão humanista, tinham a dizer sobre esta matéria. Recordemos que um dos lideres da bancada parlamentar do PCP disse em tempos que tinha dúvidas se a Coreia do Norte não seria um Democracia e que em relação à ocupação do Tibete têm tido um silêncio bastante comprometedor; basta ver qual foi o seu comportamento aquando da visita do líder espiritual e político tibetano, no exílio, Dalai Lama, a Portugal.
Entretanto, a comunicação social cá do sítio está a dar a sensação de não querer mais tocar numa notícia inquietante e preocupante. Porque será?

quarta-feira, setembro 14, 2005

Ora quem diria!!!

Estava eu no domingo à noite a ver o jornal da SIC; qual não foi o meu espanto quando dá uma reportagem onde se dava a conhecer aos portugueses a ascendência dos dois principais «Belenenses» (pretendentes a Belém) – porém um deles antes de ser já o era, como a pescada.
Embora detractores da Monarquia os nossos amigos republicanos procuram cada vez mais, talvez para tentar dar mais peso à chefia do Estado republicana, que é insignificante quando comparado com o peso e prestigio da Coroa, imitar alguns dos preceitos da Realeza porque senão como explicar que se traça a árvore genealógica dos principais (um hipotético e outro já apresentado) candidatos presidenciais e não se faz o mesmo com os candidatos à chefia do Governo ou das principais autarquias, por exemplo!
Outro aspecto curioso foi o facto de se ter feito tal coisa com os candidatos do PS e do PSD e, tudo indica, do CDS-PP, embora um deles, nunca é demais repetir, ainda seja apenas pré-candidato, ignorando os já dados como certos na contenda ou disputa (vinco bem este pormenor esperando que no futuro o candidato vencedor não tenha a lata de vir dizer que o PR está acima das disputas) Jerónimo de Sousa, candidato do PCP e Francisco Louçã, candidato do BE. Há que ter também em conta o factor X (Manuel Alegre) que ainda não se afastou da luta por um lugarzinho na corrida e, que contudo não só não nos apresentaram a sua ascendência como o varreram e o têm ignorado sistematicamente nas sondagens embora a sua situação seja semelhante à de Cavaco Silva. Tanto um como o outro ainda não se sabe em definitivo se avançam ou não. A única diferença é que um tem o apoio de um ou mais partidos e quase que lhe imploram para aceitar e o outro não. Outro hipotético candidato é o advogado José Maria Martins, que, apesar de ser também figura pública poucas hipóteses terá por não ter uma máquina partidária atrás de si (só para arranjar os milhares de assinaturas necessárias é uma carga de trabalhos). Também este é ignorado!
Não me refiro à sistemática candidatura de Garcia Pereira, do PCTP/MRPP porque no domingo ainda não era conhecida.
Quanto ao trabalho propriamente dito; foi interessante ver que o republicano Mário Soares teve como antepassados para além de um ferreiro, Condes, Viscondes, Bispos, etc. As suas origens foram investigadas até ao século XVI. Pelos vistos deram-se ao trabalho, só por estes senhores serem candidatos presidenciais, ou ainda menos do que isso, de lhes investigarem a sua genealogia. Já têm mais sorte do que eu que só tenho conhecimento dos meus antepassados até à quarta geração (segunda metade do século XIX), embora tenha há muito tempo bastante curiosidade em saber qual a origem do apelido Selão por ser extraordinariamente raro; mas como não sou candidato presidencial (ainda nem sequer sou maior de 35) lá terei que pagar para que me investiguem a origem da família.
Cavaco Silva, por seu turno e ao que parece, também tem um passado familiar recheado de Marqueses, Condes, Viscondes, Arcebispos e até Cardeais. Tanto num caso como no outro parece que é bom para o currículo ostentar tão ilustres origens porque caso contrário porque carga d’água se iria a comunicação social dar a todo este trabalho? Para uma coisa já serviu. É que assim, com toda a certeza, já sabemos que vamos ter no vértice da «nossa» república, pelos seus defensores definida como um regime de cariz popular, um descendente da antiga Nobreza. «E esta hein?»

terça-feira, setembro 13, 2005

Prioridades

Todos os anos é a mesma coisa. É por esta altura que se realiza em Vilar de Perdizes, Trás-os-Montes, os célebres Congressos Nacionais (nem tudo o que é nacional é bom!) de Medicina Popular e, não há ano nenhum que passe que não estejam lá rapidamente e em força todas as estações televisivas para cobrir exaustivamente do princípio ao fim tão «útil» e «importante» evento.
É pena que nenhum comentador ou crítico televisivo da nossa praça se digne a comentar tão bizarro procedimento.
Há lá de tudo um pouco! É à vontade do freguês! Desde ervas medicinais recolhidas por veneráveis anciãs transmontanas (uma das poucas coisas credíveis e que em grande parte dão resultado) até aos «professores» hipnoterapeutas que onde põem a mão deixam logo tudo firme e hirto que nem barras de ferro, astrólogos, cartomantes e, se calhar, até a vidente que diz desesperadamente àquele infeliz do anúncio «mudassti» lá assenta arraiais todos os aninhos. Muito provavelmente, resmas de charlatães e impostores que fazem o que podem para ganhar a vida sem suar muito e que deviam estar a fazer demonstrações dos seus «poderes» atrás das grades para os seus colegas de cácere, não passa um ano sem que ponham lá os pés e, sei lá que mais; já para não falar nos «efeitos especiais» que são montados para irem para o ar nos telejornais – sim, porque isto do marketing tem muito que se lhe diga e, diga-se em abono da verdade, que desde sempre tem sido a arma principal dos profissionais deste ramo para atrair potenciais clientes – como por exemplo aquela mistela flamejante, com toda a certeza, à base de álcool etílico que ferve num caldeirão e do qual lhe retiram grossas colheradas, até aquelas almas que urram que nem capados, que reviram os olhos ou tremelicam de alto a baixo e que guincham que nem macacos ou dão medonhos grunhidos; tudo para impressionar... os mais impressionáveis.
E o que faz a comunicação social, auto-intitulada, de referência? Também assenta arraiais ano após ano e acompanha a par e passo o tudo o que lá é dito... e feito. Serviço público não é certamente e a Ciência não anda ali! Sim, porque quando se trata de congressos ou encontros de carácter científico, quer sejam de Medicina, Matemática, Física, Química, Biologia, etc. fogem a sete pés como o Diabo da cruz limitando-se apenas a informar que vai acontecer ou que já aconteceu e, de vez em quando lá dão um «cheirinho» do evento traduzido em parcas imagens.
Quereis um exemplo? Eu dou-o e na primeira pessoa!
Realizou-se em Évora, de 6 a 10 de Setembro de 2002, a 13ª Conferência Nacional de Física e o 12º Encontro Ibérico para o Ensino da Física. Eu, como estudante de Física na Universidade de Évora, fazia parte do staff. Na abertura do evento esteve presente o então Ministro da Educação, David Justino e o encerramento contou com a presença do ex-Ministro da Ciência e Ensino Superior, Pedro Lince.
Acontece que exactamente na mesma altura decorria em Vilar de Perdizes o já referido encontro de bruxos e curandeiros; e o que fez a comunicação social? O que já todos calculam! Praticamente ignoraram o evento que se realizou em Évora e foram-se amesendar de armas e bagagem em Vilar de Perdizes. Foi confrangedor! Não houve bloco noticioso – independentemente de qual fosse a estação de televisão – fosse da tarde, fosse da noite em que não se relatasse exaustivamente e em pormenor tudo o que aí se passava, muitas vezes em directo, entrevistando os congressistas e algumas pessoas que assistiam ao espectáculo.
Entretanto em Évora, também os jornalistas marcaram presença e o evento foi noticiado e algumas pessoas entrevistadas. Infelizmente, os repórteres só estiveram presentes quando lá estavam os Ministros. Pode-se mesmo dizer que vieram a reboque destes. Mal estes se fizeram à estrada, logo os ditos «abandonaram a guitarra»! Fizeram algumas imagens, publicou-se uma notícia com algumas linhas nos jornais e pronto. Até o 2010 um programa que é definido como um magazine científico (?), que passava (e passa) na RTP 2 (ou simplesmente 2), se limitou apenas a pôr no ar durante alguns minutos (acho que nem chegou a 5) uma reportagem sobre um acontecimento que tinha durado 4 dias, e mais; reduzindo-o a um simples encontro onde se falou apenas de Física aplicada à Medicina quando na verdade decorreram conferências, palestras e exposições em que foram tratados vários e interessantes assuntos e matérias. Aquilo que passou no 2010 foi apenas um dos temas tratados.
Alguns dos oradores foram físicos estrangeiros de nomeada ligados a algumas das mais prestigiadas instituições do mundo, tais como Edwin F. Taylor (MIT Senior Research Scientist Emeritus), Lawrence Krauss (Ambrose Swasey Professor of Physics, Professor of Astronomy and Chair Physics Department Case Western Reserve University), Daniel Rosenfeld (The Hebrew University of Jerusalem) ou Eric Mazur (Division of Engineering & Applied Sciences and Department of Physics Harvard University), só para citar alguns.
Como também se falava acerca de como devia ser o ensino da Física e como esta disciplina e a Matemática (e o Português, e a História Mundial e de Portugal, etc mas estas duas são aquelas com os piores resultados) andam pelas ruas da amargura, mais uma razão para dar a conhecer o que ali se falou acerca do tema. Mas enfim...
A conferência do Professor Eric Mazur abordava precisamente este tema. Nesta conferência intitulada Memoryizing or understanding: Are we teaching the right thing? o professor Mazur explicava e mostrava em pequenos filmes que também nos EUA, tantas vezes apresentados como modelo a seguir e onde estão algumas das mais prestigiadas Universidades do mundo, existem alunos que chegam ao ensino superior com algumas lacunas. Dizia ele que há alunos que entram em... Harvard sem saber o que são as leis de Newton ou que há estudantes, e não só, que não sabem quantos planetas tem o Sistema Solar. No inquérito realizado, e que nos foi mostrado durante a apresentação da conferência, apareciam pessoas que diziam serem cem os planetas do Sistema Solar. Em seguida explicava qual deveria ser a melhor a melhor maneira de ensinar a Física; se com o recurso à memorização dos conceitos ou se estes deviam ser compreendidos pelos estudantes e falando da sua experiência e forma de dar as aulas.
Quando estava prestes a chegar o Ministro Pedro Lince, para a cerimónia de encerramento, comentei para os meus colegas que «os jornalistas também devem estar agora aí a chegar!». Acontece que estava a entrar na sala um jornalista que eu não conhecia da TV (presumo que era do 2010) e ouviu o meu comentário e, interpretando mal as minhas palavras – pensou certamente que eu não os quereria ver ali quando bem pelo contrário – logo disparou um seco «engana-se. Já cá estão.», ao que eu retorqui «ora ainda bem!». É claro que os repórteres não têm a culpa. Culpados são os directores e aqueles que decidem o que é notícia e o que não é! Os repórteres limitam-se a ir fazer o seu trabalho.
Em face disto tudo é natural que em Portugal se ganhe mais respeito e admiração pela gente que pontua em Vilar de Perdizes do que por gente da Ciência e que haja cada vez mais gente a tirar cursos de astrologia e afins. São mais conhecidos os astrólogos e tarólogos da nossa praça do que aqueles que fazem Ciência. E depois ainda vêm dizer que o nosso país é atrasado e que em termos científicos é quase uma nulidade e que os jovens acham horrível a Matemática e a Física e que é necessário um choque tecnológico e blá blá blá.... Pudera o fascínio deles vai para outras «ciências» bem mais leves e sem grandes complicações!
Querem outra? 2005 foi designado pela UNESCO como o Ano Mundial da Física por ser em 2005 que passam cem anos desde a publicação da Teoria de Relatividade (Restrita) de Einstein. Sabiam? O que é que se falou sobre isto? Muito pouco!
Quanto a mim, resta-me apelar a todos para que não neguem à partida uma Ciência que é desprezada!

quinta-feira, setembro 08, 2005

Voto de hipocrisia

Mais uma vez a hipocrisia foi quem mais ordenou no que respeita a condolências e votos de pesar.
Pouco depois de se ter dado a tragedia em Nova Orleães Jorge Sampaio, o presidente desta república, foi lesto a enviar, e muito bem, condolências e a expressar a solidariedade de Portugal para com o povo norte-americano. O Parlamento, acabadinho de vir de férias, no início da secção legislativa, aprovou um voto de pesar, com o apoio de todos os partidos com assento parlamentar, pelas vítimas dos incêndios florestais e pelas vítimas do Katrina. Tudo isso é muito bonito não fosse o facto de tanto uns como outros, não terem expressado votos de pesar nem mensagens de condolências por outras tragédias que ocorreram sensivelmente na mesma altura como por exemplo pelas vítimas do incêndio que ocorreu num teatro egípcio, que provocou cerca de três dezenas de mortos nem pelas vítimas do movimento de pânico – gerado criminosamente por alguém que fez passar o boato de que no meio dos peregrinos estavam infiltrados bombistas suicidas – que ocorreu durante uma peregrinação xiita no Iraque e que provocou centenas de mortos.
Ao que parece, nem sequer o Bloquinho ou o Partido Comunista, que tanto gostam de apregoar contra a guerra no Iraque, foram avante com uma proposta nesse sentido.
Depois disto que se viu e, à semelhança de outras que lamentavelmente têm acontecido, digam lá se eu tenho ou não razão quando afirmo que há tragédias que são mais trágicas que outras e que há vítimas de primeira e vítimas de segunda! E já nem falo de situações que fazem dezenas de vítimas por dia como a esquecida situação no Darfur ou no Tibete. Mas quanto a esta ultima situação percebo muito bem porque é que a extrema-esquerda não queira fazer ondas!

quarta-feira, setembro 07, 2005

Inacreditável!


Tinha que acontecer mais dia, menos dia. Não! Não são nem podiam ser sempre países pobres como o Irão ou os países do sudeste asiático ou outros quaisquer a sofrer com as agruras do clima.
A Natureza, o único e supremo poder à face da Terra; verdadeira superpotência; verdadeiramente irresistível não discrimina nada nem ninguém! Autenticamente democrática e igualitária, é capaz de presentear todos os seus filhos com abundância e prosperidade mas também é capaz de os fazer sofrer terríveis privações. Não trata uns como filhos e outros como enteados e, desta vez, foi madrasta para com a pátria do Tio Sam. A Natureza foi impiedosa com os EUA e a tragedia bateu ás portas de Nova Orleães.
Katrina, um poderosíssimo furacão de grau 5 (o valor máximo da escala de medida da intensidade destes fenómenos) na rota de Nova Orleães.
Nova Orleães, cidade costeira no sul do EUA, entalada, entre o rio Mississipi e o lago Pontchartrain ; em boa parte, situada abaixo do nível do mar e do Pontchartrain. Como em qualquer local, mantida artificialmente seca recorrendo a diques. Está definida a receita para a tragédia!
Já antes os EUA tinham sido vítimas da fúria da Natureza. Já antes outros furacões de grau 5 na escala de Saffir-Simpson tinham atingido a sua costa e sismos atingido as suas cidades mas desta vez a tremenda força libertada foi suficiente para arrasar uma cidade inteira e vergar uma das nações mais poderosas do mundo actual. O Katrina pôs, literalmente, os EUA de joelhos!
Uma nação, cujos dirigentes afirmam arrogantemente, que é capaz de se bater simultaneamente em três guerras em qualquer parte do mundo; que é capaz de deslocar meios militares e combater em qualquer parte do mundo e, que gasta biliões de dólares só com o sector da Defesa, mostrou uma surpreendente fraqueza, descoordenação e incapacidade de reacção dignos de qualquer país subdesenvolvido isto quando os EUA dispõem de alta tecnologia e um dos sistemas de previsão de furacões do mais avançado que há no mundo. Os mesmos dirigentes que, ao que tudo indica, subestimaram a força da tempestade e reagiram tardiamente ao que já estava à vista de todo o mundo; os mesmos dirigentes que, com a mesma arrogância e ignorando a dimensão da destruição, se recusaram a aceitar a ajuda humanitária que de todo o mundo era oferecida... acabaram por reconhecer que a ajuda era imprescindível afirmando que os EUA iriam aceitar tudo o que lhes fosse doado!
Para além da devastação provocada (e já não é pouco!), o Katrina pôs em evidência um grande número de acontecimentos e acabar com alguns mitos que darão que pensar a muito boa gente:


1. O furacão pôs a nu as fragilidades e pontos fracos da América. Se a catástrofe atingiu apenas uma única grande cidade da gigantesca América e foi o que se viu, imagine-se o que será – infelizmente é só uma questão de tempo – quando uma catástrofe de proporções ainda maiores, como sendo uma epidemia generalizada, um tsunami como aquele que terá origem nas Canárias e que mais dia menos dia varrerá a costa leste ou a possível queda de um meteorito de dimensões consideráveis ou qualquer outro fenómeno atinja várias das maiores cidades ianques de em simultâneo. Ainda que os EUA sejam um país que procura exaustivamente saber onde falhou, e neste caso não será excepção, digerindo por muito tempo os infortúnios que lhes acontece e tente arranjar maneiras de evitar que situações dessas não se repitam no futuro, é humanamente impossível evacuar a tempo milhões de pessoas de zonas de risco eminente e, posteriormente, proceder à gigantesca tarefa de realojar os refugiados e recolher os cadáveres de pessoas que, fatalmente, não resistirão, a tempo de impedir que se transformem num foco de doenças e contaminação e impedir tudo o que de terrível vem a seguir;


2. O racismo que, para um país que se gaba de ser o campeão da liberdade, democracia e igualdade, continua a ser uma realidade. Nos últimos dias têm «chovido» acusações nesse sentido por parte de quem sustenta a tese de que a ajuda só tardou porque a capital do Jazz é uma cidade maioritariamente habitada por negros e que a situação seria distinta se a zona sinistrada fosse o Estado rico da Florida;


3. Para além das questões raciais, o Katrina vem pôr a nu as gritantes desigualdades sociais e pobreza escondidas em Nova Orleães. Ao que parece, há uma minoria rica (maioritariamente composta por brancos) que habita nas zonas altas da cidade e uma maioria pobre (principalmente composta por negros) que habita nos subúrbios e nas zonas baixas da cidade;
A tensão latente e explosiva que se vive na sociedade americana que se mantêm controlada graças a um sistema implacável e, mesmo tirânico, sistema de Justiça, que se solta nestas situações provocando o caos e a selvajaria, sendo tão real como aquilo que mostram nos seus filmes de ficção sobre grandes catástrofes provocadas pelo Homem ou pela Natureza. A cidadania e o respeito pelo próximo e pela Lei é só fogo de vista numa sociedade, que só não vê quem não quer, é doentia, boçal e pouco civilizada. Basta haver uma desagregação do sistema para a barbárie e o caos tomarem as cidades de assalto. Em Nova Orleães há relatos de saques, violações, quadrilhas que saqueiam armarias e se agrupam para assaltar tudo o que possam, matando impiedosamente quem ouse resistir. Quando a prioridade das autoridades federias é mobilizar a tropa e enviar milhares de soldados e policias para o terreno e só depois enviar equipas de socorro, estamos conversados.

Sugestão: Ler Impressões, da autoria do jornalista Luis Costa Ribas enviado da SIC a Nova Orleães em www.sic.pt

sábado, setembro 03, 2005

Ah valentes!

«O único Estado estável é
aquele em que todos os homens
são iguais perante a lei»
Aristóteles

Já não é a primeira nem a segunda vez que alguns tubarões da república são apanhados a «assapar» loucamente por essas estradas fora a mais de 200 km/hora nos «seus» veículos topo de gama. Ora há-de ser um Presidente da República; ora há-de ser um Ministro; ora há-de ser um deputado; ora há-de ser um Secretário de Estado ou autarca ou Oficial de uma qualquer força de segurança, o que é certo é que de vez em quando lá se encontra um figurão acelera.
O último a ser «caçado» foi o Presidente do Tribunal Constitucional e, como sempre acontece, a Brigada de Transito dá um tratamento diferente daquele que daria se se tratasse de um cidadão comum e, como sempre acontece, a Brigada de Transito tenta fechar os olhos ao máximo.
Os métodos usados pelos ditos figurões são basicamente os mesmos, isto é, alegam que vão em serviço do Estado e não podem ir mais devagar, culpam os motoristas alegando que não estavam a tomar atenção à velocidade ou, quando se trata de um Oficial de uma qualquer força de segurança, o método é pressionar o agente de transito, ameaçando-o com um processo disciplinar ou alegando que este não o tratou com a reverencia exigida. Há ainda aqueles que ameaçam os agentes com berros e insultos como o mais celebre e valentão Major deste país que, alegadamente, por ter estacionado a viatura em cima de um passeio, ao ser interceptado por um policia, lhe berrou aos ouvidos que lhe iria estragar a vida, o brindou com impropérios e o mandou «à merda».
Há também algumas figurinhas do jet set e afins, como gente do espectáculo e futebolistas, os chamados famosos que armando-se em figurões também querem molhar a sopa.
É claro que a Polícia, quando se trata deste tipo de gente, regra geral, acomoda-se mas, aí de um cidadão comum se tem o azar de cair dessa abaixo.
Felizmente que agora este tipo de acontecimentos são noticiados com mais frequência e, ainda bem, pois se sendo noticia eles já fazem o que fazem, quanto mais se estes acontecimentos não viessem a público como acontecia no passado. Certamente que, apesar de tudo, lá haverá alguns que passam...